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Produção de grãos no Brasil


Amélio Dall’Agnol

O agronegócio brasileiro é gigante e global. A capacidade empreendedora dos produtores rurais brasileiros é inconteste. Faltam cerca de 30 milhões de toneladas (Mt) para o Brasil alcançar a meta das 300 Mt em 2023, já que na safra de 2022 o país colheu 272,5 Mt (Conab). Mas, para alcançar tal objetivo, mais do que da vontade do produtor, dependemos dos humores do clima quanto à oferta de chuvas na quantidade e hora certas.

Segundo manifesto de Ivan Wedekin e Roberto Rodrigues, respectivamente ex-Secretário de Política Agrícola do Mapa e ex-Ministro da Agricultura, o Brasil reúne as condições para viabilizar esta meta. Tem terras aptas e disponíveis para ampliar a produção e tem demanda de consumidores dispostos a pagar os altos preços atuais do mercado internacional, abalado pelas consequências da pandemia e do conflito no Leste Europeu.

Poucos países têm o potencial do Brasil para incrementar a produção de alimentos e livrar a humanidade da insegurança alimentar que a assola. Além de muita terra disponível, temos clima adequado para aumentar a produção de alimentos e suprir as deficiências alimentares da população causada pela alta dos preços e restrições no transporte motivados pela guerra na Ucrânia. Segundo a FAO, nos últimos 12 meses, os preços dos alimentos ficaram quase 30% mais caros. Em abril de 2022, estavam 68,3% acima da média de 2019. Muitos cidadãos, mundo afora, não estão encontrando o que comer ou não têm dinheiro para pagar pelos alimentos, devido aos altos preços.

De acordo com a FAO, a população sob insegurança alimentar severa aumentou em cerca de 150 milhões de pessoas no mundo entre 2019 e 2020, passando de 780 para 928 milhões de cidadãos. Para solucionar esse problema, o Brasil é parte importante da solução. De 1994 a  2021, o país multiplicou sua produção em mais de três vezes, passando de 76 Mt em 1994 para 272,5 Mt em 2021, consequência, principalmente do incremento da produtividade de 3,18% ao ano no período 2000/2019, ante apenas 1,66% na média mundial.

O aumento de produtividade, no período 1990/2019, resultou em 84,7 Mha de terra poupada de potencial desmatamento, caso a produtividade ficasse estagnada nos níveis de 1990.

O agro brasileiro cresce apesar do pequeno apoio que recebe do governo. O Brasil é um dos países que menos subsidia a agricultura. Em 2020, o apoio oficial sobre a renda do produtor foi de meros 1,3%, ante 56,5% na Noruega, 41,1% no Japão e 19,5% na Comunidade Ecoômica Europeia (vide gráfico). Mas nada comparável com o agro Argentino que, no mesmo período, ao invés de receber apoio do governo, teve confisco de 24,4%.

 

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