CI

A importância da gestão da energia na agricultura irrigada



Irriga Global

Por Larissa Souto Del Rio, Analista de TI na Irriga Global.

 

A agricultura irrigada é uma das atividades agrícolas que mais consome energia. Você sabia que o correto manejo da irrigação pode diminuir consideravelmente os custos com energia elétrica? Acompanhe a seguir algumas dicas para economizar energia em áreas irrigadas.

A correta irrigação de uma cultura garante o aumento da produtividade e, consequentemente, dos lucros do produtor. De acordo com o levantamento realizado pela a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), no Brasil há cerca de 8,2 milhões de hectares de culturas irrigadas, atualmente. Isso reflete diretamente no consumo de energia elétrica na agricultura devido à utilização de motores e motobombas na irrigação. A energia pode ser obtida a partir de diversas fontes, renováveis ou não renováveis, como a energia térmica, hidráulica, solar, eólica, entre outras. No Brasil, a maior parte da energia utilizável é gerada pelas usinas hidrelétricas. Basicamente, é utilizado o potencial hidráulico de um rio onde a força das águas é responsável por fazer um conjunto de turbinas girarem. Essas turbinas são conectadas a geradores que fazem a transformação da energia mecânica em energia elétrica.

A tarifação da energia elétrica e toda a regulamentação envolvida nesse processo é de responsabilidade da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). A cobrança de energia elétrica depende de diversos fatores, como o grupo consumidor, o horário e, também, o período do ano. De forma sucinta, os consumidores de energia elétrica são divididos em dois grandes grupos: o Grupo A (média e alta tensão) e o Grupo B (baixa tensão). Esta divisão está relacionada diretamente com o nível de tensão em que são atendidos e da demanda de energia (kW). O Grupo A, onde estão alocados os irrigantes, possui tarifa binômia, ou seja, é faturado pelo consumo e pela demanda. No Grupo B, a tarifação é denominada como monômia, onde somente o consumo daquele ciclo faz parte da fatura. O valor das tarifas do Grupo B é o mesmo para qualquer horário, sem diferenciação no decorrer do dia.

A demanda de energia elétrica é medida em kW (Quilowatt) e é calculada através da medida entre as potências elétricas ativas ou reativas, que são necessárias para a alimentação das cargas instaladas na unidade consumidora. Para ficar mais claro, podemos fazer uma analogia com um copo de chopp, que exemplifica os diferentes tipos de potência.

Em um copo de chopp existe uma camada de espuma no topo e o restante é composto pelo líquido da bebida que é ingerido. A espuma não faz parte da compra, já que o mais interessante na bebida é o líquido e, mesmo assim, a espuma está lá. Fazendo uma analogia com os tipos de potência, o copo todo representa a potência aparente do sistema, o líquido a potência ativa e a espuma a potência reativa. A parte real da bebida é o líquido, porém é necessário a existência da espuma para garantir suas propriedades.

O mesmo acontece com as potências elétricas, a potência ativa necessita da potência reativa para realizar seu trabalho. De forma simplificada, a diferença entre demanda e consumo de energia é que a demanda é a quantidade de potência necessária para alimentar a carga daquela unidade consumidora. Já o consumo é o acumulado ao longo do período de uso, ou seja, o quanto de potência utilizada ao longo do tempo.

A Tarifa Horosazonal (THS), também chamada de postos tarifários, foi definida através da Resolução Normativa ANEEL n. 482 e é responsável por definir diferentes modalidades tarifárias. Essas modalidades variam de acordo com um horário definido pela concessionária de energia, conforme pode ser observado abaixo:

  • Horário (posto) de ponta: período diário de 3h consecutivas, com exceção feita aos sábados, domingos e feriados nacionais;
  • Horário (posto) intermediário: aplicado exclusivamente às unidades consumidoras que optem pela Tarifa Branca. Pode variar de 1h a 1h30 antes e depois do horário de ponta;
  • Horário (posto) fora de ponta: período diário composto pelas horas consecutivas e complementares ao horário de ponta e intermediário.

Existe também o horário especial conhecido como período reservado. Esta modalidade é aplicada às unidades consumidoras rurais irrigantes e é constituída por um período de 8h30 por dia que abrange toda madrugada. O consumo de energia destinado à irrigação recebe um desconto na tarifa quando utilizado neste período, levando em consideração a região e o grupo tarifário a qual pertence o consumidor. Logo, a tarifação do consumo de energia elétrica na irrigação depende de inúmeros fatores regidos por resoluções da agência reguladora. Para isso, a seguir serão apresentadas algumas alternativas para a realização de uma gestão da energia gasta na irrigação e, consequentemente, na diminuição dos custos com esse serviço. O correto manejo da irrigação é uma das principais ferramentas que o irrigante tem para minimizar o consumo de energia elétrica.

A contratação de serviços que realizam a recomendação da irrigação e dizem ao produtor quando e quanto irrigar, fazem com que, além de otimizar o consumo de energia elétrica, também traz uma grande economia de água na irrigação. Outra forma bastante interessante de diminuir esse consumo é através da utilização de fontes renováveis de energia. Um bom exemplo, é a energia solar fotovoltaica com a utilização de placas solares e bancos de baterias para armazenamento da energia solar coletada durante o dia.

Vale também ressaltar, que a irrigação deve ser planejada para acontecer dentro do horário especial garantindo o menor valor na tarifa de energia. Além disso, há equipamentos utilizados na alimentação de motores elétricos que também garantem economia de energia. Os inversores de frequência, por exemplo, permitem o controle das rotações por minuto (RPM) dos motores, controlando a tensão e sua frequência de operação, diminuindo a potência de funcionamento em momentos em que não há tanta carga. Existem ferramentas que permitem a automação do acionamento dos sistemas de irrigação, isso faz com que não seja necessário a ação humana para acionamento dos motores e, da mesma forma, os mesmos são desligados exatamente na hora agendada sem a existência da possibilidade do operador esquecer de desligá-los, o que ocasionaria em desperdício de energia e também de água.

Por fim, a gestão da energia é um dos fatores mais importantes na Agricultura Irrigada. Através do uso de ferramentas de gestão da energia, que geram informações relacionadas aos custos e o consumo de energia em tempo real, é possível ter um controle maior e diminuir os custos de produção, além de garantir o fornecimento de energia elétrica através do uso adequado dos recursos existentes. O correto manejo, monitoramento da irrigação e controle dos gastos com energia elétrica são as principais formas de garantir a gestão da energia na agricultura. Além disso, a utilização de fontes renováveis é um dos pontos principais a serem considerados na modernização dos sistemas de irrigação. Considerada como uma fonte limpa, a energia solar é o melhor custo benefício quando se trata do consumo de energia elétrica na irrigação, pois garante o retorno do investimento em um curto período de tempo.

A cartilha elaborada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) utilizada como fonte para este artigo, pode ser acessado na íntegra através do link: https://www.cnabrasil.org.br/assets/arquivos/255-IRRIGA%C3%87%C3%83O.pdf.

Acompanhe este e outros conteúdos e informações em nosso site: www.irrigaglobal.com.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.