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Os primeiros 45 dias (II)


Argemiro Luís Brum

O novo ano iniciou com 66,3% das famílias brasileiras endividadas, sendo que 25,2% destas se encontram inadimplentes, com 11,2% afirmando não ter condições de pagar suas contas e, por isso, continuarão inadimplentes no transcorrer do ano. Por sua vez, em 2020 o déficit primário consolidado acabou ficando menor do que o esperado, porém, ainda assim atingiu a R$ 703 bilhões (9,49% do PIB), contra R$ 61,9 bilhões (0,84% do PIB) em 2019. Ou seja, devido aos gastos com a pandemia em especial, o mesmo se multiplicou por mais de 11 vezes.

Somente o déficit do governo federal chegou a R$ 745,3 bilhões (10,06% do PIB). Considerando os juros pagos desta dívida, temos o déficit nominal, o qual atingiu a R$ 1,015 trilhão (13,7% do PIB), contra R$ 429,2 bilhões (5,79% do PIB) em 2019. Já a dívida pública total, em relação ao PIB, ficou em 89,3% contra expectativas que giravam entre 95% e 100%. Mesmo assim, um recorde histórico! Portanto, se o controle dos gastos públicos não ocorrer a partir de 2021, com ou sem pandemia, o Estado literalmente estará inviabilizado, e com ele o país.

E é neste contexto que entram as reformas tributária e administrativa, especialmente esta última. Afinal, mesmo sem pandemia, os gastos públicos teriam sido elevados, pois o custo da máquina pública é um absurdo. Segundo o Banco Mundial, em 2017 o Brasil pagou em salários R$ 725 bilhões para 11,5 milhões de servidores ativos. Entre 2006 e 2017 esta despesa cresceu 59% no país. Em 2019, o valor gasto com servidores no país chegou a R$ 930 bilhões, sendo que 13,7% do PIB daquele ano foi gasto para mantê-los, contra 6% gastos em Educação e 3,9% em Saúde.

Segundo o FMI, dentre 63 principais países do mundo, o Brasil foi o sétimo pior neste quesito. E os serviços públicos oferecidos pelo Estado continuam muito ruins, comprometendo o crescimento do país. Está mais do que na hora de uma reforma que, dentre outras coisas, acabe com os supersalários; com os benefícios e penduricalhos de toda ordem nos três poderes da República; e com os altos salários iniciais, além da corrupção e outros desmandos que continuam ocorrendo (segue).
 

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