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Cotações do trigo em Chicago igualmente recuaram durante a semana

Mercado, no início da semana, até ensaiou uma recuperação, graças a boa demanda pelo produto dos EUA


Foto: Marcel Oliveira

As cotações do trigo em Chicago igualmente recuaram durante a semana. O fechamento desta quinta-feira (16) ficou em US$ 5,29/bushel, contra US$ 5,56 uma semana antes.

O mercado, no início da semana, até ensaiou uma recuperação, graças a boa demanda pelo produto dos EUA, porém, a mesma não se sustentou, na medida em que os indicadores econômicos mundiais continuam péssimos diante da pandemia da Covid-19. Afora isso, há uma grande oferta de trigo no mundo, com estoques mundiais importantes.

Neste contexto, as inspeções de exportação estadunidenses de trigo atingiram a 608.709 toneladas na semana encerrada em 09/04, ficando largamente acima das 400.000 toneladas esperadas pelo mercado. Mas isso não foi suficiente para sustentar as cotações, diante da clara tendência de recessão econômica mundial para 2020 devido a pandemia. O FMI apontou em relatório que a economia mundial sofrerá o maior recuo desde o crash de 1929. Diante disso o dólar sobe de preço por ser um valor refúgio à crise, tirando competitividade do trigo estadinidense na exportação. Ainda houve notícias de melhoria nas condições das lavouras semeadas na região do Mar Negro, enquanto os preços do petróleo no mercado mundial voltaram a cair.

Enfim, as condições das lavouras de trigo de inverno nos EUA, no dia 12/04, continuavam positivas, com 62% entre boas a excelentes, 29% regulares e 9% entre ruins a muito ruins. Já o plantio do trigo de primavera atingia a 2% da área naquela data, contra 9% na média histórica.

Dito isso, na Argentina o valor FOB oficial da tonelada de trigo, para abril, se manteve em US$ 245,00. No câmbio atual no Brasil esta tonelada chega aos moinhos paulistas valendo R$ 1.405,00, enquanto em Curitiba ela chega em R$ 1.310,00. Portanto, ainda há espaço para novas altas nos preços do trigo brasileiro de qualidade superior. Para novembro, a tonelada do cereal na Argentina subiu para US$ 211,00. (cf. Safras & Mercado)

E no mercado brasileiro, os preços mantiveram o viés de alta. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 46,03/saco, enquanto os lotes permaneceram em R$ 60,00/saco. No Paraná o balcão girou entre R$ 56,00 e R$ 63,00, enquanto os lotes se mantiveram entre R$ 69,00 e R$ 72,00/saco. Já em Santa Catarina o balcão atingiu entre R$ 47,00 e R$ 48,00/saco, enquanto os lotes, na região de Campos Novos, se fixaram em R$ 63,00/saco. 

A semana iniciou com o mercado nacional diante de baixa liquidez, com ofertas muito raras e a indústria ainda bem abastecida, não desejando pagar os novos preços do cereal. Com o câmbio voltando a superar a casa dos R$ 5,20 durante a semana, as importações ficaram mais caras, mantendo em alta os preços internos do cereal. Este mercado dificilmente irá mudar de tendência até a proximidade da colheita nova, em setembro. Além disso, será preciso esperar que, neste ano, o clima colabore com a safra.

Vale ainda destacar que, diante destes preços, e da forte frustração na safra de verão do Rio Grande do Sul, haja um aumento na área a ser semeada com trigo neste ano, especialmente no Estado gaúcho. Os produtores locais tentarão recuperar em parte as perdas ocorridas na soja e no milho. O problema está no alto custo de produção, diante da forte desvalorização do Real nestes últimos dois meses. 

Joga ainda em favor dos preços do trigo a pouca oferta do cereal no âmbito do Mercosul, enquanto a demanda pelos moinhos brasileiros tende a aumentar logo adiante.

Em síntese, o viés de alta nos preços internos do trigo se mantém, com o mercado dependendo da importação, a qual aumenta de custo devido ao câmbio, fato que tende a estimular o plantio do cereal no Brasil. A partir daí, o clima poderá ditar a tendência dos preços até setembro, juntamente com o comportamento cambial. E, em tempos de coronavírus, quando ninguém sabe quanto tempo esta pandemia irá durar, a volatilidade deste, e de outros mercados, continuará potencialmente intensa.

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