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Cotações do trigo em Chicago melhoraram nesta semana

E no Brasil, o trigo voltou a manter seu viés de alta como era esperado


Foto: Marcel Oliveira

As cotações do trigo em Chicago melhoraram nesta semana, sendo que o primeiro mês cotado saiu de US$ 5,29/bushel uma semana atrás, para o fechamento de US$ 5,47/bushel nesta quinta-feira (23).

Com a pandemia espalhada pelo mundo, o dólar continua sendo um valor refúgio importante, se valorizando em relação as demais moedas e, com isso, tirando competitividade do trigo estadunidense. Assim começou esta nova semana!

Neste contexto, as vendas líquidas de trigo por parte dos EUA, para o ano 2019/20, iniciado em 1º de junho, somaram 178.300 toneladas na semana encerrada em 09/04, registrando um recuo de 49% sobre a média das quatro semanas anteriores. Para o ano 2020/21, o volume exportado chegou a 419.400 toneladas, fato que acabou deixando a soma dos dois anos em torno do limite superior esperado pelo mercado. 

Já as inspeções de exportação estadunidenses somaram 469.922 toneladas na semana encerra em 16/04. Na mesma época do ano passado tais inspeções haviam somado 829.703 toneladas, ou seja, 76% mais do que as deste ano nesta data. 

Durante a semana, notícias procedentes da Rússia informando que aquele país irá suspender suas exportações de trigo até 1º julho, visando o abastecimento interno, inverteu a tendência de preços no mercado do cereal. Essa decisão deverá mexer com as cotações do cereal especialmente a partir de maio.

Enfim, durante a semana o USDA anunciou piora nas condições das lavouras de trigo de inverno dos EUA. Até o dia 19/04, as mesmas apresentavam 57% em condições entre boas a excelentes, contra 62% uma semana antes; 30% estavam regulares; e 13% entre ruins a muito ruins, contra 10% uma semana antes. Aqui na Argentina, a tonelada de trigo FOB oficial esteve cotada a US$ 245,00 para entrega em abril. Ao câmbio atual, a mesma chega nos moinhos paulistas a R$ 1.450,00 e em Curitiba a R$ 1.350,00, fato que mantém o espaço para novas altas nos preços do trigo brasileiro. Para novembro, o trigo argentino ficou cotado a US$214,00/tonelada. (cf. Safras & Mercado)

E no Brasil, o trigo voltou a manter seu viés de alta como era esperado. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 47,27/saco, enquanto os lotes se mantiveram em R$ 60,00/saco. No Paraná, o balcão trabalhou entre R$ 56,00 e R$ 63,00/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 69,00 e R$ 72,00/saco. Já em Santa Catarina, o balcão ficou entre R$ 47,00 e R$ 48,00/saco, enquanto os lotes, na região de Campos Novos, registraram R$ 63,00/saco.

Diante da nova desvalorização do Real, as importações ficaram ainda mais caras, favorecendo os preços internos do trigo de qualidade superior, há muito tempo escasso no país. Em paralelo, as alternativas de importação vão ficando mais difíceis. Além do pouco produto disponível no Mercosul, neste momento, o anúncio russo de fechamento de suas exportações do cereal complica um pouco mais as coisas. O Brasil terá que se direcionar mesmo para o Canadá e os EUA, embora não tenha havido redução das tarifas de importação para o produto procedente de fora do Mercosul. A saída russa do mercado, mesmo que momentânea, tende a elevar as cotações internacionais do trigo, encarecendo ainda mais o produto importado pelo Brasil.

Soma-se a isso o fato de que, na medida em que passa o tempo, a demanda interna tende a buscar se reabastecer, aumentando a liquidez local. Por outro lado, a seca no Rio Grande do Sul continua preocupando, pois atrasa o plantio do trigo. Há possibilidades de chuvas mais expressivas, finalmente, apenas entre os dias 04 e 05 de maio no interior gaúcho.

Assim, Real em forte desvalorização, pandemia da Covid-19 ainda forte e sem definição, e abastecimento internacional mais curto continuam pressionando os preços do trigo no mercado brasileiro, mantendo o viés de alta para o produto que ainda está em mãos dos produtores. Especialmente a partir de agora em que os moinhos brasileiros tendem a aumentar suas compras, pois a nova safra somente entrará a partir de setembro e, por enquanto, ninguém sabe em que condições de volume e qualidade já que nos dois últimos anos a mesma foi frustrada. 

 

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