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Recuo nas cotações do trigo em Chicago

Assim como a soja e o milho, o trigo igualmente vê suas cotações em Chicago recuarem nestes últimos dois meses


As cotações do trigo em Chicago igualmente recuaram nesta primeira semana de setembro. O primeiro mês cotado fechou a quinta-feira (05) em US$ 4,64/bushel, contra US$ 4,69 uma semana antes. No dia 03/09 o primeiro mês cotado chegou a bater em US$ 4,47/bushel. A média de agosto ficou em US$ 4,75, contra US$ 5,06 em julho e US$ 5,38/bushel em agosto de 2018. Portanto, assim como a soja e o milho, o trigo igualmente vê suas cotações em Chicago recuarem nestes últimos dois meses.

O mercado sofreu pressão baixista da oferta mundial, já que a competitividade do trigo estadunidense se mostra mais fraca em relação ao produto concorrente. Com grande oferta mundial, o produto estadunidense não encontra tanta procura, forçando queda  de preços em Chicago. Neste sentido, a Rússia e sua boa safra, além da produção da Europa Ocidental e da região do Mar Negro colocam o trigo dos EUA em dificuldades.

Neste contexto, as vendas líquidas de trigo por parte dos EUA, para o ano 2019/20, iniciado em 1º de junho, atingiram a 661.700 toneladas na semana encerrada em 22/08. Mesmo sendo 37% acima da média das quatro semanas anteriores,
consolidando-se como o melhor resultado do ano comercial, não foram suficientes para elevar os preços. Já as inspeções de exportação de trigo igualmente se mostram melhores nesta arrancada do novo ano comercial, atingindo um acumulado, até o dia 29/08, de 6,55 milhões de toneladas, contra 5,26 milhões em igual período do ano anterior.

Este quadro, apesar de insuficiente, ajudou, pelo menos, a segurar as cotações do cereal em Chicago nos atuais níveis. Além disso, até o dia 1º de setembro a colheita do trigo de primavera, nos EUA, atingia a 55% da área contra um expectativa do mercado em 57%. Em igual período do ano passado tal colheita atingia 86% da área, sendo que a média histórica é de 78% para esta data. Ou seja, a colheita de trigo de primavera está bastante atrasada naquele país.

No Mercosul, a tonelada FOB de trigo para exportação fechou a semana entre US$ 210,00 e US$ 220,00, enquanto a safra nova argentina caiu para US$ 170,00 na compra.

No Brasil, os preços começaram a sentir os efeitos da colheita no Paraná, embora em muitos locais ainda sejam valores de referência. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 41,45/saco, enquanto os lotes ficaram em R$ 46,80/saco. Nas demais praças nacionais os lotes recuaram para valores entre R$ 51,00 e R$ 52,50 no Paraná, enquanto em Campos Novos (SC) vieram a R$ 48,90/saco. Já no balcão o Paraná registrou valores entre R$ 44,00 e R$ 47,00/saco, enquanto em Santa Catarina o saco do cereal ficou entre R$ 41,00 e R$ 45,00.

Portanto, nestes dois Estados, valores mais baixos do que os registrados até a última semana.  Há perdas nas lavouras de Minas Gerais, São Paulo e Paraná devido às intempéries, especialmente geadas, porém, as mesmas ainda não estão totalmente quantificadas.

No Rio Grande do Sul, de forma geral, por enquanto o quadro ainda é positivo, embora existam perdas localizadas. Resta saber se o frio deste início de setembro no Estado causou algum prejuízo.

Especificamente no Paraná, segundo o Deral, a colheita atingia a 12% da área até meados da corrente semana, estando bem adiantada em relação ao ano anterior. As condições das lavouras voltaram a piorar, havendo agora 11% em más condições, 38% regulares e apenas 51% entre boas a excelentes. Neste último caso houve um recuo de quatro pontos percentuais em relação ao quadro da semana passada. Mesmo assim, em relação ao ano anterior, a situação é bem melhor já que neste momento do ano havia 22% das lavouras em condições ruins, 36% regulares e 42% boas a excelentes.

Além do clima, ajuda aos preços não recuarem tanto, pelo menos por enquanto, o fato de que o câmbio mantém o Real bastante desvalorizado. Isso encarece as  importações, mesmo com a desvalorização importante do peso argentino nestas últimas semanas.

No geral, a pressão da colheita nacional, embora as quebras de safra, deve reduzir os preços locais do trigo nestas próximas semanas. Todavia, o recuo pode não ser muito intenso devido a uma safra possivelmente menor do que o esperado, mais uma vez, além do comprometimento da qualidade do grão, assim como em função do Real desvalorizado, caso o mesmo continue em torno dos atuais níveis (se o peso desvalorizar ainda mais do que o Real aí a situação se inverte e a importação volta a ficar mais interessante). Dito isso, não se pode esquecer que a partir de meados de dezembro a colheita na Argentina se inicia e a safra deste ano será melhor, havendo muito trigo para exportação. Neste momento, a safra nova do vizinho país, na exportação, está sendo indicada ao equivalente de R$ 40,00 a R$ 41,00/saco FOB ao câmbio de hoje.

Enfim, a nova safra brasileira de trigo já foi reduzida, estando agora estimada, por enquanto, em 5,57 milhões de toneladas, contra 5,2 milhões no ano passado, sendo que as importações nacionais do cereal estão projetadas em 6,5 milhões de toneladas para 2019/20, contra 7,25 milhõe no ano anterior. Em termos de produção, o Paraná teria um volume de 2,75 milhões de toneladas, o Rio Grande do Sul 1,98 milhão e Santa Catarina 200.000 toneladas. Estes três Estados somados corresponderiam a 88% da produção nacional de trigo neste ano. 

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