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O principal problema está dentro de casa


Argemiro Luís Brum

Os ganhos de uma redução do ICMS, junto aos combustíveis, praticamente foram eliminados antes mesmo de a medida entrar em vigor, confirmando os alertas. E, se a mesma realmente se transformar em lei, muito mais problemas virão (o custo estrutural da medida, junto a Estados e municípios, foi recalculado para R$ 150 bilhões, equivalendo a dois Auxílios Brasil por ano). Compreende-se que seja preciso agir contra a inflação, pois a mesma continua muito elevada, e permanecem os elementos para novas disparadas.

A ponto de o Banco Central indicar que a Selic, a 13,25% ao ano, não é o limite, devendo haver novos aumentos nas próximas reuniões do Copom. Ocorre que os caminhos propostos pelo governo, para solucionar tal crise, são desastrosos. Salvo exceções, o Brasil, e outros países subdesenvolvidos, sempre usaram o casuísmo para tentar resolver problemas desta envergadura, afundando em crises constantes. Neste contexto, além do ICMS, nos últimos dias o governo brasileiro voltou a cogitar o “congelamento” de preços dos produtos da cesta básica.

Como congelar preços no varejo, se os custos de produção da cadeia produtiva continuam subindo? A inflação estrutural não baixa com tais medidas. Pelo contrário, volta ainda mais forte logo em seguida. Para se evitar tudo isso, as reformas estruturais, como a tributária e administrativa, são fundamentais. Todavia, a inoperância interna, sustentada pelos interesses específicos de poucos, as impedem (e quando saem, ocorrem à “meia-sola”, caso da trabalhista e previdenciária). Por outro lado, cortes nas despesas estatais, em particular as sustentadoras de privilégios (fundo eleitoral, cartões corporativos, orçamento secreto etc.) não são, sequer, cogitados.

E a pandemia e a guerra no Leste Europeu apenas potencializaram este nosso crônico problema. O Brasil tem o menor crescimento econômico projetado para 2022, entre os 19 países latino-americanos estudados, ficando entre 0,4% e 0,7% (cf. Cepal). Mais: o Brasil tem a 4ª maior inflação dentre todos os países que compõem o G20, grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo e a União Europeia. E todos estão vivendo, na mesma intensidade ou mais, a pandemia e a guerra.  Portanto, está mais do que na hora de olharmos para “dentro de casa” e a forma como está sendo feita sua administração.

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