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O 7 de setembro: efeitos econômicos


Argemiro Luís Brum

A democracia ainda é o melhor sistema político que a humanidade encontrou para orientar sua organização social. Nela, todas as correntes de pensamento têm o direito de se expressarem, desde que com civilidade. Esse pressuposto fica inviabilizado diante de governos ditatoriais e ameaçado diante de governos populistas. Os exemplos são inúmeros na história da humanidade. Aqui no Brasil, nos últimos 14 anos, estamos tendo governos populistas de todos os matizes.

E o que ocorreu neste último 7 de setembro é o resultado disso. No caso da economia, a mesma afunda quando a estratégia de governar se concentra em ameaças, bravatas e discursos antidemocráticos. O estrago foi tão grande que o próprio Presidente da República, no dia seguinte, procurou se retratar, divulgando uma carta que para ele foi escrita. Portanto, a lição que fica é a de saturação.

Ou seja, grande parte dos agentes econômicos que aqui atuam, brasileiros e estrangeiros, não aguenta mais tal postura. O termômetro disso, além das declarações de diferentes empresários, se encontra no nível de investimentos existentes, o qual diminuiu sensivelmente desde o ano passado, quando se cristalizou a incapacidade do presente governo em gerenciar adequadamente o país, repetindo os governos de passado recente. Isso gera menor oferta de dólares, a qual eleva a desvalorização do Real. Ora, o câmbio é um dos elementos geradores de inflação, quando ele escapa de sua paridade normal. E o descompasso político está alimentando este movimento no Brasil atual.

O aumento da inflação (quase 10% em 12 meses), obriga o Banco Central a aumentar o juro básico (o cenário é de mais de 8% para o final do ano). Ora, juro básico elevado acelera a alta dos demais juros na economia, fato que freia o crescimento do PIB, exatamente em um momento em que mais precisamos de crescimento econômico a fim de gerarmos mais empregos, renda e consumo. Isso, sem falar no tombo ocorrido na Bolsa de Valores, a B3, onde as principais empresas ali cotadas perderam, apenas no dia seguinte ao 7 de setembro, algo em torno de R$ 195 bilhões de seu valor. Assim, o próprio Executivo Federal, ao agir pela emoção, trabalha contra a recuperação da economia nacional.

No geral, este movimento de ação e reação é bastante simples de ser entendido. Infelizmente, não parece ser o caso para uma parcela de brasileiros. 

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