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Aftosa: indústria perderá cerca de R$ 350 milhões

Com fim da vacinação no país até 2021 o mercado veterinário perderá 5 a 8% do faturamento


Foto: Arquivo

O Portal Agrolink já mostrou em uma reportagem especial quais os riscos da retirada da vacina da febre aftosa. Conforme o calendário do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA), os estados dos blocos 1, 2, 3 e 4 devem buscar junto a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) o reconhecimento como zonas livres de febre aftosa sem vacinação, em maio de 2021.  Como consequência da evolução de status sanitário, as regiões esperam abertura de novos mercados para a proteína animal.

Do outro lado desta história está a indústria que fabrica as vacinas. De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) cinco indústrias produzem 400 milhões de doses por ano de vacina bivalente para o mercado interno e para exportação para Uruguai, Paraguai e Bolívia. A Argentina usa vacina tetravalente e, portanto, diferente da produzida por aqui. 

No mercado nacional temos uma empresa importadora (Biogénesis Bagó) e quatro produtoras (Ourofino, Ceva Saúde Animal, Boehringer Ingelheim e MSD). O custo de produção total depende do estágio e sistema, automação de cada empresa. A perda estimada é de cerca de R$350 milhões ou 5 % do faturamento total da indústria, que é de R$6 bilhões. Quando levado em consideração o faturamento total da indústria de ruminantes, as perdas ficam em 8 %. “Em um país com 220 milhões de cabeças não se pode brincar com isso.

A doença é altamente contagiosa e super prejudicial impactando todas a proteínas. Vamos observar: a Argentina tem 40 milhões de cabeças; Uruguai 11 milhões; 14 milhões do Paraguai e mais 8 milhões da Bolívia. Somando tudo não dá 40% do nosso rebanho. Não tem nenhum país fora daqui que possa produzir a vacina com qualidade e quantidade que precisamos. O jogo é sério. Temos que ter um banco de antígenos contratado para poder ter segurança”, destaca o vice-presidente do Sindan, Emílio Salani. O banco de antígenos é responsabilidade do governo federal.

Em 2019 a indústria de fabricantes de vacinas contra febre aftosa teve que se adequar ao novo tamanho da dose, que 5 ml para 2 ml com o objetivo de reduzir as reações nos animais como caroços e inchaços, retirando a saponina. Com isso o custo também foi reduzido e demandou adaptações nas linhas de produção industrial.

Uma das indústrias impactadas é a Ceva Saúde Animal. A empresa detém 17% do mercado brasileiro de vacinas de Febre Aftosa e fabrica as doses em sua planta em Juatuba (MG), com a aquisição da Hertape, em 2016. O complexo é de alta biossegurança de manipulação de biológicos (nível 4), requisito para produzir as vacinas.

O investimento nessas fábricas são enormes e difíceis de serem readequadas para fabricação de outras vacinas devido ao custo fixo delas.

O diretor geral da Ceva Brasil. Giankleber Diniz, explica que “O mais preocupante para a indústria de saúde animal é a sanidade. No momento em que pararmos as fábricas brasileiras, automaticamente não tem vacina de febre aftosa disponível para atender um plantel como o Brasileiro. Para a retirada da vacina tem que ter muita certeza do controle a nível estadual. No momento em que não tiver vacina disponível, caso aconteça um caso, vai impactar diretamente o produtor e as exportações”, destaca.

Para Giankleber o fundamental é que o país tenha um efetivo controle de fronteira. “Especialmente as fronteiras secas como Mato Grosso e Paraguai; de selva porque a febre aftosa infecta os biungulados, então um cervo, javali ou algum outro ruminante selvagem podem transferir a doença de um lado para o outro. Isso vai depender muitos dos estados de estabelecerem a barreira sanitária”, diz.

Confira na reportagem em vídeo como funciona o processo de retirada da vacinação:

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