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Pesquisa da Emater mostra interesse dos jovens em ficar no campo

Estudo ouviu 10,7 mil jovens de 15 a 29 anos de idade


Foi até difícil entrevistar o Tiago. Entre uma venda e outra no Pavilhão da Agricultura Familiar, o jovem proprietário de uma agroindústria de cachaça de Poço das Antas contou que está feliz com a decisão que tomou há três anos: voltar para o interior. Ele havia se mudado para Caxias do Sul, onde se formou em Administração pela Universidade de Caxias do Sul (UCS). Estava empregado, mas se deu conta de que não era bem o que queria. "Sentia saudades tanto de estar com a família quanto de botar a mão na massa na roça", explica Tiago Flach, de 27 anos, um expositor estreante na Expointer.

O desejo ganhou mais força quando ele conheceu o atual sócio, que também queria retornar para casa. Juntos, procuraram a Emater e decidiram abrir o próprio negócio. "A gente tinha o apoio da família, mas precisava de orientação técnica e jurídica. Graças a Deus, deu tudo certo. Eu vou dormir bem cansado, mas hoje sou um cara muito feliz", resume com um sorriso.

O Tiago retrata uma situação que apareceu em uma pesquisa da Emater. Quando recebem assistência técnica e conseguem ganhar dinheiro com o trabalho rural, muitos jovens querem ficar ou voltar para o campo. Segundo a coordenadora estadual da juventude rural, mulheres rurais e educação do campo da Emater, Clarice Vaz Böck, o objetivo era conhecer melhor esse público. "Claro que sabemos que muitos jovens vão embora, mas, entre os nossos jovens, que são assistidos pela Emater, a maioria quer permanecer. O levantamento foi feito nos 493 municípios onde nós estamos presentes. Entrevistamos 20 famílias por município, então tivemos uma grande abrangência."

Foram entrevistados 10.770 jovens de 15 a 29 anos de idade – todos atendidos pela Emater –, entre janeiro e março de 2018. Destes, 96% disseram que gostariam de permanecer na propriedade da família e entendem que há condições de manter a atividade rural (as mais comuns são agricultura, pecuária, agroindústria e agricultura ecológica). Assim como o Tiago, 2.691 chegaram a ir embora para a cidade, mas, destes, 77,9% voltaram. Os motivos mais apontados para o retorno foram, por ordem, o vínculo com o meio rural, questões financeiras e dificuldades de adaptação no meio urbano.

Casa Institucional da Emater

O estudo foi divulgado nessa quarta-feira (29) durante a inauguração da Casa Institucional da Emater, que fica em uma área 1,4 hectare. O local conta com vários espaços temáticos, que simulam pequenas propriedades e exibem técnicas utilizadas em atividades variadas, como bovinocultura de leite, fruticultura, piscicultura, criação de abelhas e aproveitamento integral de alimentos.

Segundo o presidente da entidade, Iberê Orsi, a extensão rural está na Expointer há 20 anos, mas agora em caráter definitivo. "Tem um simbolismo importante. Estamos trazendo a educação e a extensão rural de vez pra cá. Quem nos paga é a sociedade. É mais do que justo que as pessoas vejam e interajam com os nossos serviços rurais. A nossa ideia é transformar essa área num local de utilização permanente. Queremos receber escolas para poder ensinar as práticas rurais para as crianças", disse.

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