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Não há meio-termo


Argemiro Luís Brum

Os primeiros prenúncios, para a economia brasileira, em 2023, não são nada bons. A crise fiscal brasileira, agravada com as últimas decisões do executivo e legislativo nacionais, somada a um processo de paralisia da economia mundial, está entrando em um processo agudo neste segundo semestre, comprometendo 2023 e anos seguintes, qualquer que seja o governo eleito. Se antes, ainda tínhamos o mundo para nos empurrar, hoje não mais. Isso porque nos EUA, na Europa e na China, trazer a inflação para níveis baixos, através da alta dos juros básicos, tende a levar as duas primeiras regiões a uma recessão econômica, talvez já neste segundo semestre, enquanto a China registra um crescimento medíocre para os seus padrões históricos recentes. Para piorar o quadro, no Brasil, o início de uma reação nacional, via reformas estruturais, foi deixado de lado. Assim, as previsões, que mais se consolidam, projetam um PIB, no final do ano, em apenas 0,9% (para 2023 a projeção é de 0,3%). Melhor do que o previsto no início do ano, porém, muito aquém dos necessários 4%. Apenas estamos voltando ao compasso medíocre do pré-pandemia. Segundo a FGV, o PIB per capita só deve retornar ao nível da pré-pandemia, que já não era bom, na melhor das hipóteses, em 2024. E os gastos públicos atuais, por mais que a sociedade fragilizada precise de apoio, ao serem feitos de forma irresponsável, agravam ainda mais a situação. Temos, então, uma aceleração das dificuldades internas, agravada por uma demanda externa que não mais ajuda. Este descontrole, com todos os demais ingredientes internos e externos, aponta para um segundo semestre complicado, tendo ainda, no meio, uma eleição presidencial, polarizada e pouco civilizada (pelo menos até o momento). Em tal contexto, o futuro governo, se quiser efetivamente arrumar “a casa”, no longo prazo, tem apenas um caminho: atacar o centro do problema, que é o déficit público crescente, se obrigando a adotar remédios contracionistas amargos, exigindo ainda mais sacrifícios à população nacional. Por não termos feito isso nos últimos 15 anos, quando os sinais de alerta acenderam, preferindo acreditar em milagres, nova matriz econômica, mitos, salvadores da pátria e messias, deixamo-nos dominar pela incompetência pública, chegando hoje a um ponto que não permite meio-termo na receita econômica a ser adotada.   

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