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A mídia tem direito de se destruir: suicide-se imprensa


Vinícius André de Oliveira

Parafraseando o podcast de Arnaldo Jabor intitulado - País tem direito de se destruir: suicide-se Brasil -, que no final de outubro de 2018, se via perplexo com a ascensão de Trump nas eleições para a presidência dos Estados Unidos.  Discorro de certo modo incomodado com a disposição que a imprensa brasileira e alguns atores de diversos setores da mídia em geral apresentam na resistência em aceitar o novo caminho que a sociedade brasileira, representada por sua maioria, escolheu. Sociedade essa que, como nos Estados Unidos de Trump, estava estafada de certos disparates mancomunados por poderosos grupos formados ao longo da história republicana e intensificada nos últimos anos. 

Tais grupos seletos se retroalimentavam – quero acreditar que já posso utilizar esse verbo no passado – das riquezas e do que deveria ser globalmente explorado econômica e socialmente em benefício de todos. O país surfou ondas enormes entre 2003 e 2007, onde o PIB brasileiro saiu de -0,2% de crescimento em 2003 e atingiu 6,1% em 2007. Aí veio a crise de 2008, que derrubou a economia mundial e a brasileira. Porém, inacreditavelmente, houve uma quase que imediata recuperação e em 2010 o PIB brasileiro já era de 7,5%. Pode-se então, impulsivamente, concluir: incrível performance dos governos Lula e Dilma. E tenho que concordar. Para o seleto grupo do conchavo governista não existiu período melhor. Muitos saíram do nada e se transformaram nos maiores industriais do mundo. Presenteamos um homem comum, a um preço alto, com o título de homem mais rico do Brasil por longa data. Políticos, juristas e ministros ficaram mais poderosos do que nunca. 

Enquanto isso, uma simples análise no gráfico do PIB à partir de então demonstra o preço pago por todos. Saiu de 7,5% em 2010 chegando em -4,6% em 2015 e continuou se arrastando até 2018, com leve recuperação. Além disso, existe também o discurso infundado e hipócrita de que esse período apresentou queda na desigualdade social, ou seja, aumento do poder dos mais pobres. O que é facilmente desmentido pelos dados de equidade social compilados pelos órgãos do próprio governo. A taxa de crescimento anual da equidade em 2006 era de 11,17% e em 2015 já era de 3,75%. Aquela balela de que agora o pobre pode viajar de avião. Agora o pobre pode cursar uma faculdade. Agora o pobre pode comprar seu chinelinho, tomar seu cafezinho e comer seu pãozinho com mortadela. Pode sim, mas por seus próprios méritos. Como diria a freira do colégio no qual estudei boa parte da vida: seu sapo gordo! Líder da resistência! Só um sapo gordo, personagem de ficção, para falar tanta patacoada. 

Mas, o sapo só fala porque existe uma mal cheirosa e fajuta imprensa, que dá voz a esses personagens, mesmo àqueles que habitam os esgotos das penitenciárias brasileiras, e que alimentam os que vivem no limbo e gostam de ouvir mentiras desde que bem contadas. Para estes não importam os dados e, sim histórias. Entretanto, para a imprensa existe o custo da credibilidade. Mas, ela tem o direito de se autodestruir. 

Portanto, suicide-se imprensa.
 

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