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EXPORTAÇÕES do agro brasileiro em tempos de Coronavírus


Amélio Dall’Agnol

Parece mentira, mas o agronegócio do Brasil tem crescido mesmo em tempos de contrariedades pandêmicas. No período janeiro/junho de 2020 - auge da pandemia da Covid 19 – a participação das exportações do agronegócio, sobre o total exportado pelo Brasil, foi de 50,8%, ou seja, mais da metade de tudo o que o País exportou tiveram origem no campo, segundo informado pela Consultoria Cogo, que também afirmou que caso, esse percentual se mantenha até o fechamento de 2020, será o maior índice anual desde 1990. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, as vendas de soja - em moeda nacional - cresceram 38%, algodão 56,5%, açúcar 52,7%, arroz 40,6% e carne suína 36,9%.

As exportações do agronegócio brasileiro jamais haviam ultrapassado o patamar de US$ 10 bilhões em um mês, desde 1997. No entanto, nos meses de maio e junho as exportações ultrapassaram esse teto e superaram as do exercício anterior (2019) em 24,5%. Isto evidencia que a pandemia de Covid-19 não está travando o agro brasileiro.

O complexo soja foi o principal responsável pelo montante de recursos financeiros auferidos das exportações em 2020 e a China - como sempre - o maior comprador do grão, com cerca de 70% do total exportado pelo Brasil. Com a recuperação do consumo chinês, após o surto de gripe suína africana, a demanda global voltou a crescer, criando um cenário favorável para a soja. Os preços de mercado estão compensadores (graças à alta do dólar) e, em contrapartida, o País deve responder com aumentos de 3% na área na safra 2020/2021, para 38 milhões de hectares (Mha), ante os 33,9 Mha cultivados nos Estados Unidos. 

A soja tem sido a cultura cuja produção mais cresceu em nível mundial (117%) nas duas últimas décadas, saltando de 175 Mt em 2001, para 380 Mt em 2020, enquanto as produções de outras grandes culturas, como trigo e o arroz cresceram bem menos: 31% para o trigo (586 Mt em 2001 para 769 Mt em 2020) e 26% para o arroz (595 Mt em 2001 para 749 Mt em 2020. Já para o milho, que junto com a soja constitui a principal matéria prima na elaboração das rações que alimentam os animais produtores de carne (suínos e aves, principalmente), também teve um crescimento significativo de produção: 97% (590 Mt em 2001 e 1,16 bilhões de toneladas em 2020). 

As carnes constituíram o segundo produto mais valorizado das exportações do agro brasileiro e também tiveram a China como principal destino. Cerca de 50% das carnes bovina e suína e 23% da carne de frango exportadas pelo Brasil foram adquiridas pelo mercado chinês, que quer mais, em particular a carne bovina, destinada a substituir parcialmente a carne suína, dizimada em 2019 e 2020 pela peste suína africana. Conjuntamente, as carnes, a soja, os produtos florestais (celulose), o açúcar e o café representaram 89% do total exportado pelo País no mês de junho. Desse total, 39,6% foram embarcados para o mercado chinês.

O agronegócio representa um dos principais motores (o principal?) a impulsionar a economia do País. Poder-se-ia chama-lo de o “respirador econômico” da Covid 19, dada a sua relevância neste momento crítico da economia nacional. O valor dos agricultores precisa ser mais reconhecido pela sociedade brasileira, que tem uma oferta abundante de alimentos, a preços acessíveis, devido ao empenho e eficiência dos agricultores.

No entanto, o agronegócio nacional precisa estar alerta sobre os desafios que estão pela frente, entre os quais: desperdícios na colheita e pós colheita de grãos; problemas de logística na entrega dos produtos; problemas socioambientais cada vez mais enfatizados pelo mercado consumidor; excesso de burocracia no envio das cargas ao exterior; e escassez de mão de obra qualificada. 

Mesmo na presença do Coronavírus, as exportações do agronegócio brasileiro crescem e amenizam a atual crise econômica enfrentada pelo País.

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