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Acorda, é a educação (Final)


Argemiro Luís Brum

Em maio de 2021 a OCDE divulgou que, no Brasil, apenas um terço (33%) dos estudantes havia sido capaz de distinguir fatos de opiniões, em uma das perguntas aplicadas no Pisa. Aliás, em tempos de “fake news” esta é uma realidade que atinge também grande parte dos adultos brasileiros, em todas as categorias sociais. Em termos de gastos na educação, em 2018 nosso país aplicou 5% do PIB, semelhante à média da OCDE. Porém, gastamos muito mal. Quando se observa o gasto por aluno (da educação básica até o ensino superior), ele é de apenas um terço da média gasta pelos países da OCDE: US$ 3,2 mil por estudante anualmente, contra US$ 10 mil por estudante na média da OCDE.

Segundo o Anuário do setor, produzido pela entidade Todos Pela Educação, Estados e municípios brasileiros gastaram R$ 21 bilhões a menos em 2020, em relação ao ano anterior. E essa redução de gastos ocorreu justamente durante a pandemia, quando o setor enfrentou desafios sem precedentes. Para piorar o quadro e confirmar o descaso para com a educação nacional, no dia 16 de setembro do corrente ano o Senado brasileiro aprovou, em primeiro turno, uma PEC (proposta de emenda constitucional) que isenta de responsabilidade gestores públicos que não tenham investido o percentual mínimo de 25% de receitas com educação em 2020, por conta da pandemia.

Defensores alegam que o ajuste é necessário por conta da queda de arrecadação e desequilíbrio fiscal na pandemia; críticos, porém, afirmam que a proposta abre perigosos precedentes, traz retrocessos a um setor já duramente abalado pelo tempo de aula perdido durante o fechamento das escolas e "premia" gestores que não se dedicaram à educação em um momento crítico como o da implementação do ensino remoto. Enfim, em tal descalabro de formação, para piorar o quadro geral, a OCDE nos informa que a taxa de jovens brasileiros que não estudam nem trabalham, a chamada "geração nem-nem", é o dobro da encontrada em países ricos. Em 2020, 35,9% dos adultos de 18 a 24 anos no país não estavam nem na escola nem empregados. Nestas condições, que futuro esperar para o Brasil? 

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