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Trocar de ano não é sinônimo de melhora econômica


Argemiro Luís Brum

No imaginário popular, o início de um novo ano traz a expectativa de mudanças para melhor na vida das pessoas. Excetuando as decisões que dependam da própria pessoa, na grande maioria dos casos a passagem de ano nada mais é do que um dia após o outro. Assim, passados 40 dias do novo ano, os sinais econômicos no Brasil não mudaram. A inflação deve ceder, porém, não no ritmo desejado. Por enquanto, a mesma tende a terminar o ano acima do teto da meta oficial. Isso força a continuidade do aumento do juro básico.

O mesmo, agora em 10,75% anuais, deverá caminhar para perto de 12% até o final do ano. E o início de nova redução em tal juro dificilmente ocorrerá ainda em 2022. E juro alto leva a uma maior paralisação da economia, agora ainda atingida pelas fortes perdas climáticas no setor agropecuário nacional. A projeção do PIB nacional para o corrente ano permanece entre -0,5% e +0,5%, com boa parte do mercado trabalhando com 0,3%. Uma estagnação econômica que não permite recuperação de empregos em número e qualidade que se precisa. Este fato confirma que os cerca de 4,5% de PIB, no ano passado, é apenas o “efeito rebote” do tombo que levamos em 2020 (-3,9%). Não havendo empuxe, devemos voltar ao estágio medíocre que tínhamos nos últimos três anos antes da pandemia (média ao redor de 1,1%). E o câmbio, que cedeu neste início de ano, ainda está muito instável, não encontrando medidas estruturais que o mantenham em níveis palatáveis. Em paralelo, os investimentos continuam baixos.

As eleições de final de ano e a crise prolongada que vivemos, impede aventuras. Especialmente após o governo federal comprometer a política de controle fiscal, a começar pelo rompimento do teto de gastos. O investimento externo direto (capital produtivo) registra o pior resultado desde 1995, segundo o Banco Central (US$ 46,4 bilhões), sendo dezembro passado o pior mês da série histórica e o pior ano desde 2009, quando tivemos o impacto da grande crise mundial de 2007/08. Mesmo assim, nosso resultado líquido nas contas externas foi positivo. Uma rara boa notícia, mas é muito pouco para nos tirar do buraco econômico em que fomos nos colocando desde 2007. O que se espera é que o resultado das eleições inverta, para melhor, o título desta coluna para 2023.
 

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