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Antibióticos: réplica do IPC ao posicionamento da OMS

OMS propôs a suspensão do uso rotineiro de antimicrobianos


Um mês atrás, ao lançar a Semana Mundial de Conscientização sobre Antibióticos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez uma convocação às indústrias de carnes em geral e propôs que suspendam o uso rotineiro de antimicrobianos não só como promotores de crescimento, mas também na prevenção de doenças.

Entre as várias instituições internacionais que se manifestaram a respeito está o Conselho Mundial de Avicultura (IPC, na sigla em inglês), que expressou sua preocupação com tais diretrizes. Eis o que diz o órgão, criado há 12 anos pelos países lideres na produção de carnes avícolas e que hoje conta com 23 países-membros e 55 empresas que, em conjunto, representam mais de 90% da produção avícola mundial:

"O IPC está muito preocupado com a possibilidade de as diretrizes da OMS deixarem - inapropriadamente - os produtores de mãos atadas, limitando suas opções no uso de antimicrobianos para prevenção, controle e tratamento de doenças. A competência de um veterinário treinado na prescrição de um tratamento correto no momento apropriado é fundamental para minimizar o uso de antimicrobianos e assegurar uma oferta viável de animais saudáveis, o que é vital para a oferta mundial de alimentos”. 

"Ao propor diretrizes que impactam a vida humana e animal, é de se imaginar que as recomendações apresentadas estejam baseadas em ‘evidências’, não em ‘associações’, como ocorre na presente abordagem da OMS. Neste caso, as diretrizes estão baseadas em artigo da revist The Lancet Planetary Health que - como a própria OMS ressalta - baseia-se em evidências de 'baixa' e, em alguns casos, de 'muito baixa qualidade'”.

“O IPC continua comprometido com o enfoque colaborativo de ‘uma saúde única’, iniciativa [da OMS] que combina conhecimento e expertise científica de todos os agentes, de forma a assegurar que atuemos de maneira responsável no uso de antimicrobianos - para as necessidades de seres humanos e de animais. Assim, encoraja a OMS a ser mais inclusiva com relação à comunidade veterinária em seu trabalho, de modo a utilizar sua ampla expertise para orientar o uso adequado e os cuidados com os antimicrobianos na produção animal”.

“Em abril, os integrantes do IPC subscreveram declaração considerada histórica sobre a responsabilidade no uso e nos princípios de administração de antimicrobianos. Ela estabelece os caminhos para a condução responsável de programas eficientes de utilização de antimicrobianos na produção avícola mundial”.

“Nessa declaração o IPC também define os rumos – baseados na ciência –que norteiam a indústria avícola e que buscam salvaguardar a eficiência do uso de antimicrobianos, ao mesmo tempo em que aborda questões de resistência [antimicrobiana], bem estar animal, segurança alimentar e preocupação com o consumidor”.

“No documento o IPC ainda reconhece que a resistência antimicrobiana é uma preocupação global e que a indústria avícola deve adotar práticas que reduzam o uso daqueles antimicrobianos que apresentem maior risco de desenvolvimento de resistência. Além disso, o IPC encoraja o setor avícola a ser pró-ativo em seu engajamento com as demais partes interessadas e a implementar práticas que contribuem para o avanço dos objetivos do “uma saúde única’, promovido pela OMS em conjunto com a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e o Codex Alimentarius [da FAO]”.

O IPC encerra sua réplica à posição da OMS observando que, conforme seu posicionamento, a adoção terapêutica prudente de antimicrobianos irá minimizar o uso como um todo, em especial daqueles que são mais críticos para a saúde humana. E destaca que é responsabilidade ética da indústria avícola garantir o bem-estar dos animais. Nas palavras finais o IPC reitera que “está comprometido com uma abordagem de análise de risco baseada em ciência no que diz respeito aos impactos do uso de antimicrobianos na produção animal, ao invés da abordagem associativa na qual se baseou a OMS”.

Independente da posição do IPC, é interessante notar que à produção animal vem sendo imputada a maior parte da culpa pelo surgimento de bactérias resistentes aos antibacterianos. Entretanto, como mostrou há alguns dias a ONU (da qual a OMS é apenas um dos “filhotes”), nos efluentes com bactérias e antibióticos lançados amplamente no meio ambiente pode estar grande parte do problema.

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