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“Sanidade é nosso diferencial”

Setor de aves, suínos e pecuária de leite do RS apostam em trabalho para alcançar mercados


O ano de 2019 foi marcado pelo surto de Peste Suína Africana (PSA) na Ásia. Até outubro a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), estima que foram abatidos mais de 6,2 milhões de suínos contaminados pela doença e 369 focos. Com isso o mercado para as carnes brasileiras se abriu ainda mais, especialmente na China. Frigoríficos de aves e suínos brasileiros foram habilitados para exportação. 

Com isso os setores gaúchos também esperam superar as dificuldades e ampliar mercado. A região Sul tem destaque na criação de frangos para o abate, permaneceu responsável por quase metade do total brasileiro (46,9%). Já na suinocultura, nos cinco primeiros meses de 2019, as exportações de carne foram 19% maiores do que no mesmo período do ano passado. Já a pecuária de leite segue enfrentando dificuldades e com muitos produtores desistindo da atividade por conta dos preços de comercialização e concorrência com a importação. O setor espera por ajustes no Programa de Escoamento da Produção (PEP). O objetivo é incluir a comercialização de leite UHT e derivados, já que hoje existe somente para leite cru.

Os três segmentos estiveram reunidos, durante o lançamento do Avisulat 2020, para tratar das potencialidades, dificuldades e objetivos em conjunto. Entre as metas retomar o crescimento e superar as dificuldades com os preços dos insumos como o milho, por exemplo. Na oportunidade o diretor do Departamento de Política Agrícola da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, Ivan Bonetti, anunciou que ainda em dezembro deve ser lançado um programa de incentivo à produção de milho no Estado. “Os produtores de aves, suínos e leite dependem do milho. Atualmente temos um déficit de 1,5 milhão de toneladas do cereal. Precisamos fortalecer o fornecimento interno e baratear custos”, completou. Bonetti também destacou que a Câmara Temática do Mercosul, criada durante a última Expointer, deve trabalhar o fomento à todas as cadeias de forma separada, focando nos objetivos de desenvolvimento de cada uma.

Cuidar da sanidade animal

O Rio Grande do Sul está pleiteando junto ao Ministério da Agricultura ser livre de Febre Aftosa sem vacinação. Com a retirada da vacina e com o novo status sanitário autoridades avaliam que o mercado externo de carne gaúcha poderia crescer até 60%. Para os setores cuidar da sanidade animal é tido como fator fundamental para atrair negócios. Para Rogério Kerber, presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa), criado pelas cadeias de produção e genética da Avicultura, Suinocultura, Pecuária de Corte, Pecuária de Leite para defender o desenvolvimento sanitário, o momento abre oportunidade para todo o setor de proteína. “Temos que nos planejar de forma organizada pensando na competitividade para contribuir que o Rio Grande do Sul saia das dificuldades e avalavanque o negócio dos setores. Por estarmos distantes dos grandes centros consumidores temos que focar na sanidade como diferencial. Isso nos desafia a sermos mais fortes e gerar mais renda”, define.

Os setores defendem que é preciso fazer um trabalho que destaque a qualidade e que os produtores invistam em controle sanitário rigoroso. Para Nestor Freiberger, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) é um momento de definições depois do primeiro ano de governo estadual e federal. Paralelo a isso o avicultor precisa mostrar seu trabalho. “Estamos vivos e fortes. Temos dificuldades por estar longe dos centros, logística mas temos que mostrar o que o Estado está fazendo em cada cadeia produtiva”, ressalta.

O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul, Valdecir Folador, observa um grande potencial de crescimento da suinocultura para o ano que vem com a PSA mas observa que, em 2000, a Rússia comprava 40% da produção e hoje são China e Hong Kong respondem por cerca de 60%.

O cenário de concentração de mercado, segundo ele, deve ser visto com cuidado para que não fique concentrado e se abram novas possibilidades. “Temos que focar em produção, mercado e cuidar da nossa sanidade para crescermos como setor”, avalia.

Já o setor de lácteos se divide entre a demanda interna e externa. Grande parte fica para consumo interno. O Secretário executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios do RS (Sindilat), Darlan Palharini, destaca que com a entrada das Instruções Normativas 76 e 77 do Mapa, e que definem critérios de qualidade dos leites pasteurizados, a sanidade do leite gaúcho foi elevada. “Apenas um pequeno percentual de produtores estaria fora desse padrão”, diz. Já as dificuldades de crescimento seguem. “Estamos muito atrás do mercado internacional. Produtor e indústria sofrem com preços. Sabemos onde precisamos avançar e temos que destacar nosso trabalho sanitário”, encerra Palharini.

Novo conceito

As entidades Asgav, Sips e Sindilat apresentaram o novo conceito do Avisulat - Congresso e Feira Brasil Sul de Avicultura, Suinocultura e Laticínios. A sexta edição, que acontece de 23 a 25 de novembro de 2020, traz como novidade a utilização da estrutura interna da Fiergs, com palestras voltadas para os três setores, adequando-se às mudanças políticas e econômicas. Fóruns de planejamento setoriais devem discutir assuntos como: economia global e nacional, sustentabilidade, sanidade animal, mercado atual de proteína animal e os desafios diante dos novos padrões de comportamento e consumo. 

A programação da avicultura de corte e postura, leite e laticínios e suinocultura deve focar os desafios a curto, médio e longo prazo, com abordagens voltadas a temas como sanidade, campo e indústria, mercado, meio ambiente, insumos e inovação.

O grande destaque do novo conceito será o espaço para negócios. Dentro dos espaços dedicados ao chamado business center as empresas poderão interagir com o público e clientes, com espaço, também, para importadoras. O evento também vai receber startups com soluções de tecnologia para o setor e uma mostra de trabalhos científicos de universidades e instituições de pesquisa. “Precisamos retomar o protagonismo dos setores e isso engloba discutir, planejar e destacar as potencialidades. Por isso também focamos em tecnologia e negócios”, destaca o coordenador do VI Avisulat e diretor-executivo da Asgav, José Eduardo Santos. 

Confira mais detalhes sobre o VI Avisulat e os desafios dos setores de aves, suínos e leite para o ano que vem na reportagem em vídeo.

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