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Sanidade Animal é foco da reunião do grupo FARM

Reunião do grupo FARM, a Federação de Associações Rurais do Mercosul, foi realizada nesta quinta-feira, 31/08, durante a 40ª Expointer


A reunião do grupo FARM, a Federação de Associações Rurais do Mercosul, foi realizada nesta quinta-feira, 31/08, durante a 40ª Expointer, em Esteio, no Rio Grande do Sul. A reunião foi comandada pelo presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto, que representa a CNA na presidência do Grupo Farm. Entre os tópicos mais comentados, estiveram questões de sanidade animal, como o controle à Mosca da Bicheira e o Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa – PNEFA. 

O estudo de um grupo do Uruguai e do Panamá sobre uma estratégia de controle da infestação da Mosca da Bicheira já, havia sido apresentado na tarde de terça-feira a Sperotto. O representante do Ministério da Agricultura do Uruguai em Artigas, Martín Altuna, mostrou dados técnicos sobre os prejuízos estimados com a incidência do inseto, que chega a infestar 8,4% dos ovinos no país vizinho e causa perdas calculadas em US$ 38 milhões anuais apenas no Uruguai, além de constituir um problema de saúde pública, já que a mosca também provoca bicheira em humanos, com cerca de 800 casos por ano. 

Altuna apresentou resultados obtidos através de um projeto piloto que conseguiu diminuir a infestação através do uso de moscas modificadas por radiação, que produzem ovos estéreis. O projeto foi conduzido em Artigas, próximo à região de fronteira com o Brasil, e apresentou uma redução significativa no número de infecções. O trabalho é baseado no modelo do Panamá, constituído por plano piloto entre Uruguai e Brasil com participação do Paraguai e Argentina como observadores.

O grupo reiterou a importância de combater o inseto, e discutiu possíveis fontes para o financiamento, já que a solução tem um custo elevado. O coordenador de Sanidade Agropecuária da CNA, Décio Coutinho, destacou que o assunto será levado para o Comitê Veterinário Permanente do Mercosul (CVP), cuja presidência passará para o Brasil em dezembro.
Na segunda parte da reunião, o foco foi o plano brasileiro para atingir o status de país livre de aftosa sem vacinação. A coordenadora do Programa Nacional de Febre Aftosa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Eliana Lara, apresentou os detalhes do plano estratégico a ser desenvolvido entre 2017 e 2026 e suas diversas etapas. No plano, o Brasil foi dividido em cinco blocos, considerando aspectos geográficos e mercadológicos: a retirada da vacinação começaria pelo norte do país, Acre e Rondônia, que em geral são compradores de carne de outros Estados e têm uma produção reduzida e chegaria por último aos Estados do Mato Grosso e Mato do Sul e região Sul, principais fornecedores de carne bovina ao país. A transição do status sanitário aconteceria de forma gradual e a meta é obter o reconhecimento da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal). 

Os representantes do Argentina, Paraguai e Uruguai expressaram preocupação quanto às áreas de fronteiras, já que Venezuela e Colômbia apresentam focos de febre aftosa. Além disso, questionaram os recursos financeiros necessários para a implementação de plano semelhante em todo o Mercosul, pois é necessária uma estrutura de controle e fiscalização intensa para prevenir o aparecimento de focos da doença e reiteraram que seus países não têm condições financeiras de arcar com tal investimento. 

Sobre o questionamento das fronteiras, o diretor do Departamento de Saúde Animal do MAPA, Guilherme Marques, afirmou que a permeabilidade das fronteiras na região amazônica difere muito da fronteira no sul do país, uma vez que a área de floresta tem uma densidade populacional menor e uma área de vegetação praticamente intransponível. Além disso, Marques admitiu que sempre haverá riscos, mas que estes serão minimizados com vigilância. Sobre a questão econômica, ele ponderou que a obtenção do status de país livre de aftosa sem vacinação levará ao acesso de novos mercados, que pagam mais pela carne.

Marques ouviu as considerações e dúvidas dos presidentes de associações e garantiu que todas as mudanças no cenário do controle da febre aftosa no Brasil serão levadas em consideração e que o cronograma do plano pode ser alterado para a realização de ajustes necessários. Marques enfatizou ainda que será feita divulgação com antecedência quanto ao início da retirada da vacina, para que possam fazer as preparações de suas estruturas à nova realidade. 
Em seguida, o vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira, trouxe notícias do Fórum Mercosul da Carne, o qual preside. Gedeão Pereira compartilhou o plano de solicitar o aumento da cota do Mercosul de exportação de carne à União Europeia. Os participantes expressaram ainda questionamentos quanto à comercialização de diversos produtos entre as fronteiras do Mercosul com efeitos nas indústrias de cada país importador e analisaram alternativas para acordos com países de fora do bloco que não sejam impedidos pelas restrições a acordos bilaterais em razão do regulamento do Mercosul.
 
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