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“Aquisições no setor profissionalizam distribuição”

Representantes da distribuição de insumos acreditam que aquisições de empresas aumentam potencial


Foto: Marcel Oliveira

Desde 2014 as aquisições e fusões de empresas de insumos vem movimentando o mercado brasileiro, com a entrada de multinacionais. Em 2016, por exemplo, a norte-americana Compass Minerals anunciou a compra da paulista Produquímica; neste ano a canadense Nutrien adquiriu a distribuidora de insumos paulista Agrosema e, também neste ano a Fertilizantes Tocantins e a suíça EuroChem Group AG firmaram um acordo definitivo de integração de negócios.

Como esses negócios impactaram na distribuição brasileira e qual o futuro da distribuição de insumos após a intensificação das atividades de M&A (Merger & Acquisitions), foi o tema de uma live nesta terça-feira (23), com a participação da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (ANDAV) e de dois distribuidores, com mediação de Cristiano Veloso, CEO da Verde AgriTech.

Os debatedores analisam como positivo para o setor a crescente aquisição por grandes empresas e fundos de investimento, incentivando inovação e profissionalização da distribuição.

Alberto Yoshida, a frente da Andav e também da Yoshida & Hirata, distribuidora de insumos para hortifruti, no interior de São Paulo, destaca o potencial da distribuição no país. Só a entidade conta com 1700 associados distribuidores e há muitos desafios no Brasil, país relativamente novo na agricultura quando comparado com América do Norte. “Além de jovens somos uma nação com muito potencial agrícola. Esse crescimento nos últimos anos mostra que faltou infra-estrutura e recursos, inclusive financeiros. Com a pandemia a distribuição teve que se desafiar e adaptar ao novo momento. E esse é o momento”, enfatiza.

Para Marco Antônio Menezes, sócio proprietário da AP Agrícola, em Piumhi (MG), esses movimentos de mercado mostram que há lugar para todos, seja em grandes players ou vôos solo. “Acredito que é bom pra o setor porque exige que se aumente o grau de profissionalização e gestão das empresas que estão aqui”. Na empresa que Menezes representa o diferencial foi investir em pesquisa. São dois centros voltados para café e cereais, com quase R$ 2 milhões investidos. “Parece meio estranho uma empresa de distribuição investir em pesquisa mas achamos importante testar todos os produtos antes de irem para as fazendas dos clientes. Também buscamos treinar pessoal para aperfeiçoamento do atendimento. Fundamental ter diferenciais na distribuição”, explica.

Já Daniel Birk é proprietário da Suprema Agronegócios, distribuidora focada em produtos biológicos, de menor porte em Monte Carmelo (MG). Para ele o desafio é se ajustar ao mercado para ter poder de competição com a entrada das grandes empresas. “A gente tem que se reinventar e aprimorar serviços para poder competir com essas fusões. Não conseguimos acompanhar a dinâmica das multinacionais então fazemos parcerias onde as empresas menores auxiliam umas as outras. Buscamos ajustar o mercado”. 

Os debatedores também concordam que é uma ótima oportunidade para os agricultores. “Com a vinda de grandes empresas pra cá temos serviços novos, tecnologias novas e o desafio é grande. O setor só tem a ganhar”, defende Menezes.  

Yoshida diz que há muito apetite de empresas para acessarem o mercado brasileiro, em vários segmentos e faz sentido esse movimento de aquisições, podendo proporcionar para a distribuição parcerias estratégicas num futuro próximo. “O trabalho feito na distribuição e na agricultura é com foco no agricultor. Independente da chegada ou não de grandes, o foco está no produtor. Um dos nossos papeis é transferir tecnologia, pegando o que as grandes têm e adaptando às regiões, independente do tamanho do produtor, com foco em aumentar produtividade e gerar crédito. O Brasil não seria do tamanho que é se não existisse a distribuição. Os agricultores são os mais beneficiados nesse momento”, conclui.
 

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