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"Brasil precisa de uma narrativa proativa do Agro", diz CEO da John Deere

Entre a sugestões um selo “made in Brasil” para as exportações


Foto: Pixabay

O pós-pandemia desafia o agronegócio brasileiro a reestruturar a oferta de produtos ao mercado mundial e a promover uma campanha proativa de atributos do setor. Para Paulo Herrmann, CEO da John Deere no Brasil, o lançamento de um selo "made in Brasil" para as exportações brasileiras, carreando uma campanha institucional perene e consistente, é um dos caminhos para a agregação de valor à economia nacional no mercado global. 

"Nos falta uma narrativa proativa no Brasil, antes de imputarem inverdades ao Agro. Falta uma marca 'made in Brasil'. A gente vê isso com a carne da Argentina, que tem mais Cota Hilton do que nós (volume limite de exportação de cortes bovinos de alta qualidade). Há outros países, pequenos, como a Colômbia, que tem o café mais reconhecido no mundo. Isso é uma forma de agregação de valor", alertou o executivo durante nova live promovida pela Assembleia Permanente para a Eficiência Nacional (Aspen), por meio do Instituto Besc de Humanidades e Economia.

Para o CEO da John Deere no Brasil, não raro, o país acaba por promover uma espécie de autofagia em face de compradores internacionais. "Muitas vezes nos canibalizamos frente aos mercados. Temos a oportunidade de estruturar melhor nossa proposta de valor no pós-Covid. O fato de exportarmos soja não quer dizer que não há valor agregado. Mas podemos estruturar melhor essa oferta", pontua, ao sustentar ser oportuno um maior equilíbrio na balança comercial brasileira.

Com reconhecida trajetória no agronegócio brasileiro, Paulo Herrmann avalia que a Covid-19 encerra um longo ciclo de expansão e maturação da atividade econômica no Brasil, capitaneada pela agropecuária. Isso porque, segundo o engenheiro agrônomo e membro de diversos conselhos consultivos, o setor encara a pandemia com comprovada eficiência em protocolos sanitários, assegurando a entrega de alimentos em escala e com a sanidade exigida ao consumo humano.

"O Agro está dando uma grande demonstração de responsabilidade social e patriotismo. Enquanto o país parou, continuamos alimentando o povo brasileiro e o mundo. O mesmo Agro, que durante tanto tempo vem sendo atacado e diminuído, está dando uma resposta silenciosa a todos que colocaram em dúvida sua responsabilidade ambiental. O agro continuou trabalhando na pandemia, as vacas continuaram produzindo, os porcos continuaram sendo alimentados. O Agro não parou".

Herrmann também sugere que o país promova embaixadores da marca "made in Brasil", com a seleta escolha de expoentes para a assunção de postos em embaixadas do Brasil no exterior. Toque de diplomacia e empenho em convencimento da tecnologia, sustentabilidade e responsabilidade social e ambiental empregadas pela atividade no Brasil. "Conheço meia dúzia de ex-presidentes da Embrapa que voltaram a ser pesquisadores. Esses são os adidos ideais. Coloca-se um na Alemanha, um na França e assim por diante, mostrando a qualidade de nossa produção, o compromisso ambiental que temos aqui".

No campo das discussões políticas, para Paulo Herrmann, da John Deere, a condução de governos diante da onda pandêmica revela a fragilidade de lideranças que inspirem assertividade e confiança às nações na contemporaneidade. "Criou-se um sistema que está no limiar da histeria. Vai muito além do contágio, simplesmente. Fica claro que o mundo não tem uma liderança. O mundo se ressente de uma liderança. Não há senioridade. Tudo o que não precisamos neste momento é um debate entre grupos pra ver quem vai vencer ou apresentar o maior ou menor número de mortes", declara, ao apontar a chanceler alemã Angela Merkel como feliz exceção no contexto global.
 

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