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“Câmbio está fazendo Argentina menos competitiva”

CEO da Syngenta pede Peso menos valorizado


O diretor general para América Latina Sul da Syngenta, Antonio Aracre, disse que o governo da Argentina precisa revisar o tipo de câmbio no país, que “não depende de uma desvalorização da moeda, mas sim da taxa de juros que estabelece o Banco Central”. “Se começaram a sentir o impacto dos créditos, particularmente os hipotecários, e também de obra pública e da construção em geral porque os créditos hipotecários arrastam projetos de construção e a construção é a mãe das indústrias”, disse ele em entrevista ao jornal La Nación.

- Quais são os setores que deveriam reativar-se no curto prazo?

- O que acontece é que a construção arrasta praticamente todas as indústria. Me parece que já vamos começar a ver um crescimento da economia de 4% a 5% este ano e no ano que vem com certeza. No caso do agro, que é o setor que mais conheço, já vem crescendo muito desde o ano passado, mas houve muitas mudanças macroeconômicas para ajudar isso: menos impostos à exportação, tipo de câmbio mais competitivo e facilidade para exportar. Dos três, o que está mais complicado agora e no ano que vem é a questão da competitividade do tipo de câmbio.

- E por que? Acredita que a relação Peso-Dólar está atrasado?

- Porque era um tipo de câmbio competitivo em 2016, mas em 2017 teremos ao redor de 22% de inflação, que é uma inflação intensa, e no que vem se fala de ao redor de 15%. Se o tipo de câmbio não acompanha a inflação, se perde a competitividade real e a verdade é que um triunfo contundente do oficialismo vai trazer muitos investimentos. E esses investimentos são muito difíceis de compensar em um balanço de pagamentos para que não gerem uma pressão para baixo do tipo de câmbio. Se a isso agregado o fato de ter uma taxa de juros positiva muito forte, como em geral é a preferência do presidente do Banco Central, a possibilidade é que o tipo de câmbio seja mais competitivo parece complexa.

- E acredita que é necessária uma desvalorização?

- A desvalorização à antiga como nós conhecemos com um esquema de flotação como existe na Argentina, não é possível. Acredito que existe um tipo de câmbio competitivo que não de desvalorização, mas de uma política econômica do Banco Central que seja de acordo a essa competitividade. Isso requer que a taxa de juros reflita os conceitos menos positivos de maneira tal que não coloque tanto dinheiro para a poupança.

- Quão otimista você a respeito a 2018?

- Em 2018, em termos macroeconômicos, sou muito otimista porque creio que os fatores que te comentei de construção em geral, crédito hipotecários, obra pública seguirão, o agro vai continuar crescendo. Mas creio que no longo prazo 2019-2020, se não se soluciona o problema de competitividade, vamos estar complicados para sustentar esse crescimento. Na agenda está trabalhar a reforma trabalhista e tributária que podem ajudar a essa competitividade. Mas de 15% a 20% de perda de competitividade por câmbio, não tem reforma trabalhista e tributária que compense.

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