Após as negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC), os Estados Unidos estarão dispostos a discutir o fim dos subsídios e tarifas para todos os produtos agrícolas. O sub-secretário de Agricultura J. B. Penn reiterou que o governo norte-americano só debate subsídio interno na OMC, mas esclareceu que depois de uma abertura econômica, estaria disposto a reduzir a zero as tarifas e os apoios internos e externos.
"Havendo negociação multilateral, os Estados Unidos colocam tudo na mesa", afirmou Penn. No entanto, disse ele, Brasil, União Européia e Japão devem fazer a sua parte, ou seja, dar respostas às propostas americanas. Para Penn, o Brasil, por seu volume de exportações, é um grande líder e teria muito poder de negociação. Na avaliação de Penn, o País está muito mais perto de ser parceiro do que inimigo dos Estados Unidos. Segundo ele, passados cinco anos após a redução das tarifas, a próxima negociação seria a da eliminação dos subsídios.
Penn esclareceu que não somente os Estados Unidos têm política de subsídio interno ou às exportações. Por isso, todos os países envolvidos nas negociações deveriam rever seus incentivos. "Não vamos nos desarmar unilateralmente", afirmou. Segundo ele, os subsídios à produção nos Estados Unidos somam US$ 19 bilhões por ano, enquanto na União Européia são US$ 67 bilhões e no Japão outros US$ 32 bilhões.
De acordo com o sub-secretário, os Estados Unidos querem que os subsídios internos sejam reduzidos a 5% do Produto Interno Bruto (PIB) agrícola dos países. Desta forma, os Estados Unidos passariam de US$ 19 bilhões em apoios internos para US$ 10 bilhões, a União Européia reduziria de US$ 67 bilhões para US$ 13 bilhões e o Japão de US$ 32 bilhões para US$ 5 bilhões. Depois de cinco anos, seriam zerados.
Disse ainda que desconhece o processo de renegociação das dívidas dos produtores brasileiros e não saberia se tal medida seria um tipo de subsídio. Penn disse também que o mercado americano é aberto, exemplificando com o tamanho das importações de produtos agrícolas de seu país.
De acordo com ele, os Estados Unidos compram US$ 40 bilhões/ano sendo metade dos países em desenvolvimento e 90% deste valor com tarifa zero. De acordo com o sub-secretário, a tarifa média de importação nos Estados Unidos é de 12% e no mundo, 62%. No Japão, Europa e Grupo de Cairns (principais países agrícolas) a tarifa média de importação é de 30%. A proposta americana é reduzir de 62% para 15% a média mundial em cinco anos.
Na opinião de Penn, a revisão da Política Agrícola Comum (PAC) da União Européia a ser discutida nos próximos dias, é um grande passo para a eliminação dos incentivos. Segundo ele, todas as negociações dependem da reforma dessa política. "A reforma é a condição necessária. É necessária, mas pode não ser suficiente", afirmou. No entanto, a discussão já é um grande passo e que Brasil e Estados Unidos precisam se unir e pressionar por mudanças, disse.
Ele afirmou ainda que a lei de segurança alimentar dos Estados Unidos não é um tipo de barreira não tarifária. "Há muitos erros de impressão", disse. Penn afirmou que os Estados Unidos têm todo o interesse de ter um comércio seguro com o resto do mundo, pois tornou-se alvo de ataques terroristas. O sub-secretário disse também que o processo de abertura do mercado americano para a carne bovina in natura brasileira está progredindo normalmente, dentro das regras. Uma missão de técnicos norte-americanos virá ao Brasil vistoriar o rebanho brasileiro, informou.
kicker: Vice-ministro da Agricultura dos Estados Unidos reitera que americanos vão reduzir tarifas