“O agro se preparou para este momento”
Empresas e agricultores avaliam que o setor vai bem e vai se adaptar à digitalização

Na última terça-feira (12) um evento virtual conectou empresas e produtor para discutir a cadeia do algodão e o momento atual. O Cotton Connection, promovido pela Syngenta, trouxe ao centro do debate os desafios e adaptação do setor diante da pandemia de coronavírus (Covid-19).
O Brasil é uma potência da soja mas vem se destacando também no algodão, com reconhecimento de produção de uma fibra sustentável. De acordo com último boletim da Conab nesta safra serão 4,315 milhões de toneladas de caroço e 2,879 milhões de toneladas de pluma. O país é o 2º maior exportador do mundo. De janeiro a abril de 2020 foram exportadas 710 mil toneladas, acima da média dos últimos 5 anos que foi 244 mil toneladas e o dobro do ano passado (386 mil toneladas). Os principais destinos são China. Vietnã, Bangladesh, Paquistão e Turquia.
Walter Horita, que cultiva 40 mil hectares no Oeste da Bahia, está otimista com a cultura, apesar do momento da pandemia. “O Brasil é 4º maior produtor e tem área para expandir mais. A tecnologia já existe e temos que somar e usar o que está conosco já. Neste momento tomamos as devidas precauções mas o setor não pode parar” defende. A mesma opinião foi compartilhada por Márcio Trento, gerente de algodão da Syngenta. Ele acredita que por ser uma cadeia longa, de vários elos, no momento o que mais deve ser pensado é manter tudo funcionando. “Nosso grande desafio nesse momento é como se conectar e nos mantermos ativos nesse novo ambiente”, diz.
Usar a tecnologia a favor do agro
Durante o debate Paulo Hermann, presidente da John Deere, reforçou que o momento é interessante para o agronegócio. “Nos força a reinventar, repensar e revisitar o nosso negócio. Nesse processo de trabalho remoto descobrimos que podemos fazer tudo ainda de forma mais eficiente”,defende. Hermann aponta o Brasil como um país que não vai sentir tanto os efeitos do distanciamento na agricultura. Uma pesquisa divulgada pelo Inspe apontou que o Brasil tem penetração digital maior que nos Estados Unidos, por exemplo. A idade média do produtor americano é 58 anos; do brasileiro é 45; quando visto somente o Matopiba é 36. “Temos mais facilidade em usar essas tecnologias. Nossas ferramentas já existem, só precisam ser aceleradas”.
Ele ainda contou que a John Deere trabalha fortemente em conectividade rural. Nos últimos 15 meses criou 30 centros avançados para contato do concessionário com o cliente, de forma a manter a assistência remota. André Savino, diretor de Marketing da Syngenta, também aposta na digitalização como forma de acelerar processos e manter os serviços de fornecimento de insumos ao produtor neste momento. “A gente não dava tanto valor para índices de telemetria em máquinas mas hoje é fundamental para tomar a decisão a distância. Não dávamos valor ao satélite e hoje é importante para imagem. Nós não paramos e não podemos parar porque a produção e o produtor não pararam”,completa. A Syngenta, entre as maiores empresas do agro do mundo, também está investindo em inovação e tecnologia para evitar a crise. “É um momento de racionalidade e temos que evitar de ser “super heróis”. Observar o mercado e trabalhar a rentabilidade com maior produção, calcular custos mas acho que deixar de investir não é momento. Para enfrentar a crise é preciso segurança mas quem investir vai sair dessa fortalecido”, finaliza.