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2011 preocupa setor de máquinas agrícolas

Indústrias de máquinas agrícolas estão vivendo um dos seus melhores momentos


Após fortes vendas neste ano, indústrias temem que agricultura familiar reduza compras a partir de janeiro

Programas sociais do governo elevam vendas nos últimos dois anos, o que reduz a tendência de novas aquisições

SÃO PAULO - As indústrias de máquinas agrícolas estão vivendo um dos seus melhores momentos, e as vendas deste ano devem ser as melhores das últimas três décadas.
O setor começa, no entanto, a olhar 2011 com uma certa preocupação.
Exatamente o que vem dando força à indústria de máquinas agrícolas pode fazer as vendas perderem ritmo em 2011: os programas sociais de apoio do governo e as taxas de crédito diferenciadas para investimento na aquisição de máquinas.
Com isso, as vendas do próximo ano podem sofrer recuo próximo de 10%, conforme dados ainda preliminares das indústrias.
"Estamos vivendo um período histórico, mas nem tudo está bem", diz Milton Rego, vice-presidente da Anfavea (reúne as empresas de veículos automotores).
Segundo ele, os programas sociais foram importantes para o setor, diminuindo os problemas das indústrias no período da forte crise econômica mundial, principalmente no início de 2009.
Sem esses programas, a travessia das indústrias teria sido muito mais difícil e com grandes demissões no setor, segundo o executivo.
Os programas sociais do governo deram nova dinâmica ao campo e também outra cara para a indústria, que teve de desenvolver novos projetos para modelos de baixa potência, com nacionalização de 60% na produção.
Os números são reconfortantes para o setor. Desde a vigência desses programas, 33 mil novos tratores foram ao campo, representando um quinto de todas as unidades vendidas desde 2007.
Rego vê, no entanto, uma perda de fôlego nas aquisições da agricultura familiar, porque muitos já compraram seus produtos. Além disso, Rego não vê um cenário tão favorável para a chamada agricultura comercial -a que usa grandes áreas.
Em 2009, esse setor representou apenas 59% das vendas totais. Embora já tenha se recuperado e atingido 75% neste ano, o número é bem inferior aos 99% de 2007.
Os dados da Anfavea de 2009 mostram a importância dos programas sociais para a indústria. Todas as regiões do país tiveram queda nas vendas em relação a 2008. A única a mostrar aceleração foi a Sul, devido à concentração de pequenos produtores.
As vendas totais da região somaram 23,4 mil unidades, 38% mais do que em 2008.

HORA DE RENOVAR
Já que há uma recuperação de renda nos últimos anos, principalmente devido ao custo menor de produção e à alta nos preços das commodities no exterior, esta seria a hora de os produtores renovarem a frota, diz Rego.
A política de contenção de crédito do governo, devido à busca de maior aperto fiscal, pode dificultar essa renovação. Um dos exemplos é o anunciado fim do PSI (Programa de Sustentação do Investimento), diz ele.
Se realmente for concretizado o fim do PSI, os produtores não pagarão mais taxas de 5,5% nos investimentos em máquinas agrícolas, mas 9,5%, conforme taxa do programa Moderfrota.
As vendas internas no atacado de máquinas agrícolas automotrizes devem chegar a 69,9 mil unidades, o maior volume desde o recorde de 80,2 mil unidades em 1976.
Já as vendas de tratores superam as 57 mil unidades neste ano, voltando também ao recorde de 1976, enquanto as de colheitadeiras (cerca de 4.300) ficarão entre as melhores desde 2005.

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