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A vitória de Donald Trump e a agricultura brasileira

A disparada do dólar frente ao real é, neste momento da safra, vista com bons olhos pelo presidente da Aprosoja-GO


A disparada do dólar frente ao real é, neste momento da safra, vista com bons olhos pelo presidente da Aprosoja-GO

Contrariando as pesquisas eleitorais nos Estados Unidos, o republicano Donald Trump obteve o voto de mais de 270 delegados necessários para a vitória à Casa Branca. Se o novo presidente vai colocar em prática seu discurso protecionista e quais serão os reflexos disso para a agricultura brasileira só seu mandato dirá. Trump é uma incógnita e sua presidência pode materializar muitas surpresas, a exemplo do que foi sua própria eleição.

O que se tem, por enquanto, são perspectivas. A eleição traz sim incertezas, no entanto pode representar aspectos positivos para o Brasil, na opinião do presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO), Bartolomeu Braz Pereira. “Eu acredito que a vitória de Trump pode dificultar as relações comerciais dos Estados Unidos com alguns países, abrindo espaço para outros mercados, como o Brasil, obterem vantagens. Ele tem uma relação ainda desconhecida com os parceiros dos EUA”, afirma. “Na agricultura, eles são grandes exportadores como o Brasil e importam pouco dos nossos produtos destinados ao mercado externo. Uma preocupação é quanto ao recente acordo de importação da carne brasileira, mas não vejo impactos negativos imediatos.”

Por outro lado, Trump tem perfil nacionalista, o que aumenta a tendência de intensificação das políticas protecionistas na economia norte-americana. Isso pode afetar o agronegócio brasileiro, afirmam especialistas, podendo gerar impactos nos preços no mercado internacional, já que os Estados Unidos são um dos maiores players na produção e consumo de produtos agropecuários. Porém, historicamente, o Partido Republicano de Trump defende o livre comércio e se opõe a medidas protecionistas que ajudem empresas americanas a competir com estrangeiras. Cabe agora observar o que pesará mais: o perfil do partido ou o próprio perfil do novo presidente.

O Brasil não está no foco do novo presidente republicano, assim como a América Latina em geral. Porém, Trump já citou nosso País quando se referiu a nações que possuem vantagens comerciais “injustas”, segundo ele, em relação aos americanos, o que aumenta o risco e imprevisibilidade do que vem sendo chamado de “efeito Trump”. Atualmente, os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, comprando boa parcela de produtos manufaturados de alto valor agregado, diferente do nosso maior aliado comercial, a China, com quem prevalecem as vendas de commodities.

Valorização do dólar

Com a ascensão de Trump, o câmbio fica em situação bastante incerta no curto prazo, pois os mercados e bolsas passarão por um processo de reprecificação, já que contavam como certa a vitória da democrata Hillary Clinton. Porém, de forma geral, especialistas avaliam que o efeito imediato é de valorização da moeda americana, já que em momentos de maior incerteza os investidores procuram ativos de menor risco, como o próprio dólar.

A disparada do dólar frente ao real é, neste momento da safra, vista com bons olhos pelo presidente da Aprosoja-GO, Bartolomeu Braz. “Mesmo com as bolsas do mundo caindo, a valorização do dólar vai favorecer a comercialização dos grãos do Brasil, o que é bom para os produtores”.

O governo brasileiro se mostra sem grandes preocupações até o momento, porém afirma estar atento as variáveis. “O Brasil está preparado para lidar com qualquer volatilidade dos mercados resultante das eleições presidenciais nos Estados Unidos. Estamos acompanhando os mercados globais e do Brasil e caso necessário tomaremos as medidas adequadas”, afirmou o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.

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