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Abacaxi ganha destaque na exportação


A colheita experimentou acentuado aumento de 170 mil para mais de 5 milhões de frutos.

O processo que levou o Ceará a saltar, em apenas quatro anos, de uma posição insignificante no campo das exportações nacionais de frutas para uma situação de destaque tem novo condutor. Após a vigorosa contribuição do melão, agora é a cultura do abacaxi a locomotiva que engorda as projeções de produção e vendas internacionais. A expectativa para este ano é de uma colheita quase 31 vezes superior à do ano passado. As frutas brasileiras, excetuando a castanha de caju, trazem divisas de US$ 220 milhões/ano e o Ceará participou com cerca 8% em 2002, conforme a Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária (Seagri).

Seja em termos de área plantada, produção ou produtividade o desempenho esperado para a cultura do abacaxi no Ceará desperta atenção. Os 13 hectares cultivados em 2002 deram lugar a uma plantação atual de 156 hectares. A colheita de 170 mil frutos, por sua vez, vai ser substituída por volume de 5,304 milhões de unidades. E um sistema eficiente de irrigação, tratos culturais adequados e tecnologia avançada tende a proporcionar rendimento de 34 mil abacaxis por hectare quadrado, ante a média de 13 mil frutos obtidos na safra anterior.

` Seremos, com folga, o maior exportador do país`, avalia o titular da Seagri, Carlos Matos. O entusiasmo do secretário, embora pareça exagerado, tem sua razão de ser. Os números relativos à safra 2003 - aferidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - indicam a força com que emerge a cultura no estado. A renda de R$ 205 mil apurada com a fruta em 2002, por exemplo, está prevista para crescer 878%, alcançando receita de R$ 2 milhões esse ano.

Esses indicadores, no entanto, ainda são insuficientes para dar a dimensão exata das possibilidades da cultura no estado. Na fronteira dos município de Limoeiro do Norte e Quixeré, distante cerca 200 quilômetros da capital Fortaleza, a multinacional Del Monte está consolidando um investimento que pode alcançar 700 hectares de abacaxi - parte dessa área já vai render colheita a partir de agosto, tendo como destino o mercado internacional, de acordo com o secretário Carlos Matos. Segundo ele, o plantio do abacaxi também está se expandindo em outras regiões cearenses.

Embora nesse momento o potencial do cultivo do abacaxi desperte atenções, a fruticultura cearense tem outros atores que asseguram o bom desempenho do setor. O melão, que foi o grande vetor na expansão verificada nos últimos anos, continua garantindo bons resultados - com cerca de 4,5 mil hectares plantados e produção inferior apenas ao Rio Grande do Norte, o fruto rendeu US$ 13,66 milhões em exportação no ano passado e para 2003 a expectativa é de manutenção de semelhante vigor.

Outra aposta promissora recai sobre o mamão. Entre 1998 e 2002 a área plantada mais que dobrou, com tendência de registrar incremento de 155% na produção. Despontam também com bom potencial para a agricultura irrigada cearense os cultivos de banana, manga e uva - lavoura que já proporciona produção de vinho no município de Sobral, a 220 quilômetros de Fortaleza. `Elegemos como prioridades cultivos de grande potencial de mercado, especialmente no tocante a exportações`, observa o secretário Carlos Matos.

A estratégia vem rendendo resultados expressivos para o Ceará `Em cinco anos, estamos evoluindo de um patamar 0,5% no conjunto das exportações nacionais de frutas para cerca de 10% do total`, argumenta Carlos Matos. Para o secretário, no entanto, mais importante do que a evolução dos números de produção e exportação tem sido a construção de uma nova mentalidade no estado em relação ao agronegócio. `Consolida-se uma nova postura no campo, que leva em conta efetivamente a questão de como produzir para ter inserção internacional`, destaca.

Nesse aspecto, além de fatores relacionados à qualidade da produção e atitudes comerciais, a inserção internacional passa obrigatoriamente pela questão da produtividade. `A elevação da produtividade deve ser mais comemorada do que o aumento da área plantada ou da produção. É a produtividade que realmente causa impactos na vida do produtos rural`, justifica Carlos Matos. `Não se justifica gastar mil litros de água para obter receita de R$ 200 plantando arroz, quando a mesmo volume de água no plantio de flores pode render R$ 35 mil`, acrescenta.

De acordo com o secretário, os números da fruticultura cearense já traduzem a preocupação com o foco no comércio exterior. O total exportado, incluindo flores, saltou de US$ 880 mil em 1998 para US$ 17,18 milhões no ano passado, com incremento de 1.852%. Para 2003, a perspectiva é alcançar US$ 20 milhões em divisas. A meta para 2005, somando hortaliças, flores e frutas é vender ao exterior US$ 54,36 milhões - excetuando as receitas com exportações de amêndoa de castanha de caju, que representaram US$ 79,98 milhões no ano passado para o estado.

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