Abelhas envenenadas
O combate ao amarelão, doença que ataca os pomares de laranja, está prejudicando a criação de abelhas em São Paulo
O combate ao amarelão, doença que ataca os pomares de laranja, está prejudicando a criação de abelhas em São Paulo.
A florada da laranjeira é sempre bem-vinda para os criadores de abelha. Os irmãos Nércio e Newton Parise têm 30 apiários, mas não estão satisfeitos com o que têm encontrado nas colméias.
Pelas contas deles, a queda na produção é de, pelo menos, sessenta por cento. Um prejuízo estimado em R$ 70 mil. Em 20 anos de atividade, os irmãos nunca tinham visto uma mortandade tão grande de abelhas.
A situação era ruim em Abril. Os produtores contam que tudo ocorreu depois de uma pulverização aérea nos laranjais vizinhos. Parte foi recolhida e enviada para pesquisadores da Unesp de Rio Claro, que também receberam sete amostras de outras regiões do Estado. Duas apresentaram o princípio ativo do inseticida usado no combate ao psilídeo, transmissor do amarelão. Uma delas era a enviada pelos produtores de mel de Brotas.
“Nas amostras que deram positivo, para os dois casos, a quantidade de inseticida que tinha nas abelhas era maior do que o permitido por lei”, explicou Osmar Malaspina, biólogo da Unesp.
“De um jeito fiquei aliviado e de outro fiquei triste porque o veneno está matando. Eles têm que abrir os olhos. Agora, como faz? Eles estão nos prejudicando e matando nossas abelhas. Isso não pode. Todo mundo precisa viver”, reclamou Nércio.
O presidente da Associtrus, entidade que reúne 1,2 mil citricultores, afirma que é importante o combate ao vetor da doença, mas condena a pulverização aérea. “Deveríamos coibir esse tipo de aplicação, que é, realmente, indiscriminada e que provoca problemas desse tipo e outros problemas de desequilíbrio biológico muito graves”, disse Flávio Viegas.
Segundo a Associação Paulista de Apicultores, quinze criadores foram prejudicados.