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Acordo antifumo preocupa o setor


Apertados na arquibancada do ginásio de esportes de Santa Cruz do Sul, município a 150 quilômetros de Porto Alegre (RS), mais de 10 mil agricultores acompanharam por um telão a audiência pública convocada pela Comissão de Relações Exteriores do Senado que acontecia no auditório da universidade local. Lá estava sendo discutido o futuro de uma atividade que há mais de 100 anos sustenta a economia da região: a produção de fumo. "É o único produto que dá um dinheirinho para o colono", disse Breno Bechrt, descendente de alemães que há 51 anos planta fumo no sítio de 13 hectares na vizinha Vale do Sol. O problema é que o tabaco está na mira da Organização Mundial da Saúde (OMS).


Signatário da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco, assinada por 168 países no âmbito da OMS, o Brasil precisa decidir se ratifica ou não os termos desse acordo, que entra em vigor em março. A Câmara dos Deputados já aprovou a ratificação, mas falta a decisão do Senado. Ao propor restrições ao consumo e produção de tabaco, a OMS espera reduzir os índices de tabagismo, doença crônica que mata mais de 5 milhões de pessoas por ano no mundo, 200 mil só no Brasil. Para indústrias e fumicultores, o acordo é uma ameaça à atividade, pois estimula a implantação de políticas públicas para substituição das lavouras de fumo. "Que emprego nós vamos ter sem o fumo? Se acabar com o fumo, Santa Cruz acaba, fecha tudo, é o fim da Capital do Fumo", perguntou a agricultora Marlene Watte, se referindo ao fato de o município ser o mais importante pólo produtor de tabaco do país.

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