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Açúcar sem enxofre entra no mercado interno

A usina paraibana Monte Alegre é a primeira do país a lançar no varejo brasileiro açúcar cristal branqueado sem uso de enxofre


A usina paraibana Monte Alegre, de Mamanguape (PB), a 50 km de João Pessoa, é a primeira do país a lançar no varejo brasileiro açúcar cristal branqueado sem uso de enxofre. O novo produto inova uma prática industrial de quase 500 anos e torna-se compatível com as exigências internacionais, incluindo do FDA, o departamento responsável pela qualidade dos alimento e medicamentos distribuídos nos EUA.

O enxofre é adotado pelas usinas para o branqueamento do açúcar no Brasil. O método é considerado cancerígeno, o que levou o grupo paraibano a vislumbrar a expansão do mercado para as exportações do produto livre da substância considerada nociva à saúde. Em vez de enxofre, a Monte Alegre utiliza ozônio para branquear o açúcar.

A usina já negocia 1,2 milhão de sacos de 50 quilos desse açúcar para os mercados da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. Conta, para isso, com a parceria do Carrefour. O produto está sendo apresentado ao consumidor em sacos plásticos de 1 quilo com selo destacando "sem enxofre".

"Investimos em um produto diferenciado para atender aos consumidores exigentes", afirma a gerente industrial da usina, Marlene Oliveira. Segundo ela, a substituição do enxofre não só torna o açúcar mais saudável como também elimina os resíduos tóxicos dos efluentes e os gases nocivos aspirados pelos trabalhadores no processo industrial.

Marlene explica a tecnologia que torna possível o uso do ozônio foi desenvolvida pela empresa pernambucana Gasil - Gases e Equipamentos. O processo também foi adotada pelas usinas Jales Machado (GO), Cansanção de Sinimbu (AL) e Maity (MA), que dirigem toda a produção ao mercado externo. Apenas a Monte Alegre lançou o produto no varejo nacional.

A Gasil pesquisou o processo durante 10 anos e investiu cerca de R$ 2 milhões para o desenvolvimento da tecnologia que substitui o enxofre por ozônio. O ozônio é produzido na própria usina por meio de um equipamento instalado pela Gasil em regime de comodato. A máquina utiliza uma mistura de oxigênio com argônio para a produção do ozônio. "O custo para as usinas é o equivalente ao que era gasto com insumos para o branqueamento com enxofre. Apenas trocamos um processo nocivo por outro mais adequados", afirma o diretor da empresa Ramom Silton.

A Gasil produz os equipamentos sob encomenda, as quais devem ser feitas com antecedência de até 120 dias antes do inicio da safra que, no Nordeste, normalmente é iniciada nos meses de setembro e se estende até os meses de março.

Silton acredita que a substituição do enxofre cria espaço para o açúcar refinado no mercado mundial, uma vez que o enxofre não é aceito na maioria dos países desenvolvidos porque produz substâncias tóxicas, cancerígenas, corrosivas e poluentes.

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