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Agravamento da pandemia e queda do poder aquisitivo pressionam cotações do suíno para baixo

Por outro lado, a produção e exportações, continuam em alta


Foto: Pixabay

Não há como analisar o mercado e desconectá-lo da maior crise sanitária da história recente do mundo, representada pela pandemia de covid-19. No caso específico do Brasil, soma-se a esta crise sanitária, que se agravou nas últimas semanas, obrigando os estados e municípios a estabelecerem medidas restritivas mais severas, a crise econômica, representada pela queda do PIB, aumento do desemprego e indícios de volta da inflação. Há ainda um fator muito relevante que é a perda de poder aquisitivo, especialmente nas classes menos favorecidas.

 Segundo números da FGV, entre agosto de 2020 e fevereiro de 2021, cerca de 17,7 milhões de pessoas voltaram à pobreza. Em agosto, a população pobre era cerca de 9,5 milhões, em fevereiro, passou para 27,2 milhões, 12,83% da população. O fim do auxílio emergencial, que injetou quase 280 bilhões de reais na economia ao longo de 2020, é um dos fatores que explicam a queda de demanda. O governo promete retornar o auxílio nas próximas semanas, porém em valores bem menores, com teto de 44 bilhões, estabelecido no Congresso Nacional.

Este cenário se refletiu no mercado de suínos, com queda nas cotações na maioria das praças no início do mês de março, apesar da entrada da massa salarial e das exportações aumentarem.  O cenário está muito semelhante ao de março do ano passado, quando iniciaram as medidas restritivas para mitigar os efeitos da pandemia. Na ocasião a cadeia de produção, industrialização e varejo não estava preparada para a redução dos canais de venda, com o fechamento do food service, o que reduziu a demanda significativamente por várias semanas, achatando o preço pago ao produtor. Hoje os elos da cadeia já se adaptaram melhor a esta contingência, direcionando mais para o varejo que se mantém aberto. Por outro lado, esta segunda onda da pandemia tem como característica afetar de forma grave quase todas as regiões do país simultaneamente, enquanto no ano passado ela começou nas capitais e só depois de alguns meses interiorizou. Resta saber se a reconhecida resiliência do setor vai reverter rapidamente esta crise.

As exportações de carne in natura (Tabela 1) ganharam ritmo em fevereiro, com um aumento de 8,48% no primeiro bimestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano passado, sendo que para a China o aumento foi da ordem de 19,17%, representando 56,7% dos embarques brasileiros nestes dois primeiros meses do ano. Em março, no acumulado das primeiras duas semanas, houve um aumento ainda maior, com embarques de 4,5 mil toneladas diárias, projetando-se fechar este mês com mais de 80 mil toneladas embarcadas, um número muito expressivo, especialmente para o início do ano, quando historicamente os volumes são inferiores às médias dos meses seguintes. Este cenário, reforça as projeções de crescimento consistente das exportações brasileiras para este ano (10%), mesmo com a recuperação do rebanho chinês. Aliás, esta recuperação do rebanho suíno da China dá sinais de desaceleração, em função de novos focos de peste suína africana e do recrudescimento de outras doenças no período de inverno lá. Recentemente, o Rabobank alertou para queda da demanda chinesa por grãos, justamente em função destas questões sanitárias.

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