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Agricultor investe em nova técnica para aumentar a produção leiteira

Davi de Moraes Gass tornou-se o primeiro em Santa Cruz a implantar a técnica de confinamento chamada compost barn


Foto: Marcel Oliveira

Depois de namorar durante três anos um sistema de produção leiteira no Vale do Taquari, o agricultor Davi de Moraes Gass tornou-se o primeiro em Santa Cruz do Sul a implantar a técnica de confinamento chamada compost barn (estábulo com compostagem), na propriedade situada em Cerro Alegre Alto. O método visa reduzir custos de implantação e manutenção, melhorar índices produtivos e sanitários dos rebanhos e possibilitar o uso correto de dejetos orgânicos (fezes e urina) provenientes da atividade.

O agricultor ergueu um galpão de 1.380 metros quadrados com capacidade para 72 vacas leiteiras confinadas. A estrutura física coberta serve, primeiramente, para melhorar o conforto e bem-estar dos animais e, em consequência disso, aumentar os índices de produtividade.

O secretário de Agricultura. Tiago Hoelzel Staub, explica que o método adotado é inovador no meio rural, possibilitando aumento de produtividade e longevidade do animal. “Esse sistema, no qual o gado fica confinado 24 horas por dia em uma grande área de cama comum, for mada por serragem, proporciona conforto ao animal e melhora os índices de produção.”

Gass explica que o sistema já é utilizado há mais tempo entre produtores de leite no Vale do Taquari. Ele recebeu o incentivo do veterinário Ronaldo Luis Pagliarini, de Teutônia, que lhe presta assessoria há cinco anos. Conta que decidiu pela implantação após visitar várias propriedades onde a prática está em uso e se certificar das vantagens. Uma delas é o aumento da produção em área menor. E como não ha verá o pisoteio dos animais em áreas produtivas, será possível aproveitar melhor o espaço para o cultivo de milho e feno. Além disso, a técnica reduz o serviço, pois não há mais necessidade de manejar os animais. A saúde das vacas também melhora, com a diminuição dos problemas de casco, por exemplo.

Atualmente com 52 vacas em lactação da raça holandesa, a produção média é de 1,7 mil litros por dia. De acordo com Gass, a produção já aumentou em torno de 20% por animal com o novo sistema – seis ou sete litros de leite a mais. “Ordenhamos as vacas duas vezes ao dia. É um trabalho que requer tempo e cuidado o tempo todo”, conta.

O investimento, segundo ele, valeu a pena. “Agora tenho mais uma alternativa de renda. Aprendi muito sobre produção de leite e é uma área em que gosto de trabalhar.” Ele projeta atingir a média de 2 mil a 2,2 mil litros por dia em maio de 2021 com o aumento do plantel, até chegar à capacidade de 72 vacas em ordenha no galpão.

Expansão começou com a entrega de porta em porta

O trabalho no campo começou para Davi de Moraes Gass quando ele ainda era jovem, com apenas 11 anos. Depois de se mudar com seus pais do interior de Sinimbu, cresceu observando os dois, Nilda e Osmar, lidarem com a terra, em especial no cultivo do tabaco e do milho. Hoje, aos 39 anos, Davi mantém as atividades na Travessa Fritzen, em Cerro Alegre Alto, onde cresceu, e uma placa com seu nome em letras maiúsculas indica que se trata de um produtor de leite em grande escala.

Depois de prestar o serviço militar, Gass retornou para casa a fim de ajudar seus pais. E uma de suas tarefas era a de auxiliar dona Nilda, todas as manhãs, na ordenha das vacas. Nessa época, há 20 anos, a produção era de 20 litros de leite por dia, ou seja, o suficiente para o consumo da família. O que sobrava era posto fora. Até que um dia, o tio, Florisbaldo, deu uma sugestão: “Davi, quem sabe tu começas a vender o leite que sobra na cidade?”. O jovem, então, começou a vender o produto, em garrafas de litro, de porta em porta, em Santa Cruz do Sul. Essa lida – como ele diz – de sair de moto lá do interior todas as manhãs para comercializar leite na cidade durou seis anos.

Aos 24 anos, quando casou-se com a esposa Sandra, comprou novilhas para aumentar a produção e passou a pesquisar via internet sobre as possibilidades de produzir leite em grande quantidade. Enquanto isso, continuava na lida do tabaco e do milho. Com o apoio da Secretaria Municipal de Agricultura, mediante a melhora dos acessos e serviço de terraplanagem, ele aos poucos deu os primeiros passos para concretizar seus planos.

“O prefeito Telmo Kirst sempre apoiou os produtores para a diversificação no meio rural, melhorando os acessos e incentivando o agronegócio”, explica o secretário da pasta, Tiago Staub. Além do leite, a produção de tabaco está entre as fontes de renda na propriedade. Davi Gass revela que a colheita rendeu quase mil arrobas de tabaco no último ano.

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