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Agricultura familiar comercializa mais de R$ 263 mil em produtos na Rio+20

Produzir repeitando a natureza


A Praça da Sociobiodiversidade provou para o mundo que é possível produzir repeitando a natureza, incluindo os cidadãos e gerando renda. Ao longo da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, agricultores familiares de 23 empreendimentos, expositores no espaço montado no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, comercializaram mais de R$ 263 mil em produtos feitos com recursos naturais dos biomas da Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica, além de peças de moda do projeto Talentos do Brasil.

“O espaço apresentou o que o Brasil tem de melhor do ponto de vista da produção socioambiental e a grande biodiversidade do país. Mostrou a produção da agricultura familiar que agrega valor social, ambiental e contribui para a segurança alimentar e para a renda de centenas de famílias. A praça, na Rio+20, representou uma grande oportunidade para a agricultura familiar comercializar e mostrar para o mundo a produção sustentável do rural brasileiro”, avaliou o secretário da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Laudemir Müller. Além do MDA, a iniciativa teve o apoio dos ministérios do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Social, além da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Os produtos do bioma da Amazônia, entre eles os feitos com látex da árvore de caucho e a castanha do Brasil, foram os mais vendidos, atingindo 36% do total. “Fomos muito bem aceitos. Já participamos de diversas feiras, mas, em termos de comercialização, nenhuma foi como esta. Muita gente comprou e voltou para comprar mais. Para nós, este resultado é uma felicidade. Essa renda vai gerar muitas melhorias para as comunidades”, comemorou a presidente do Polo de Proteção da Biodiversidade e Uso Sustentável dos Recursos Naturais (Poloprobio), Zélia Damasceno. A entidade representa 50 unidades produtivas dos estados do Acre, Pará, Rondônia e Amazonas.

A Praça da Sociobiodiversidade abriu as portas para o público no sábado (16) e fechou na última sexta-feira (22). Já no terceiro dia de evento, expositores da Caatinga tiveram que recompor o estoque. “Excedemos o limite de comercialização. Graças à Conab os produtores conseguiram trazer mais produtos, senão teriam que pagar um valor considerável pelo frete”, comentou a consultora da Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza e Desenvolvimento Humano (Agendha) e apoiadora da Rede Bodega, Idelci Oliveira. A entidade participou da articulação para levar os produtos do bioma à Rio+20.

Representando o bioma da Mata Atlântica, Alceu Henz, gerente comercial da Ecocitrus, afirmou que, durante os dias de exposição da agricultura familiar, o Brasil deu um exemplo de produção sustentável para o mundo. “Já participamos de feiras em todos os lugares do mundo, mas aqui foi onde mais vi diferentes tipos de pessoas de todas as raças e nações. A praça foi um sucesso”, garantiu. A cooperativa, de 115 agricultores familiares e parceiros, levou para o local sucos de tangerina, de laranja e de uva produzidos no Rio Grande do Sul.

Outro produto que encantou e surpreendeu os participantes da Rio+20 foi a castanha de baru, encontrada no bioma do Cerrado. “Gostamos muito de conhecer a biodiversidade brasileira. Muitos desses produtos são novidades. O baru, mesmo, nunca havia experimentado”, afirmou a professora Fabiana Kraemo, 40 anos. Ela e marido, Pedro Paulo Soares, 47, saíram de Niterói, município do Rio de Janeiro, para prestigiar o evento.

Para o consultor econômico da Cooperativa Central do Cerrado, Valdener Miranda, a Praça apresentou ao público da Rio+20 produtos da sociobiodiversidade brasileira que dificilmente são encontrados nas prateleiras de supermercados. “Além disso, tirou da cadeia produtiva a figura do atravessador. Os consumidores compraram diretamente das mãos dos produtores, e estes tiveram a oportunidade de presenciar o reconhecimento da sua produção. Certamente, os agricultores familiares saíram daqui ainda mais motivados a produzir”, avaliou.

Moda

Peças de couro de peixe, piaçava, tururi e buriti fizeram sucesso no estande do projeto Talentos do Brasil. “A proposta foi, além da comercialização, apresentar um projeto diferenciado. O MDA conseguiu apresentar um modelo real para a mudança de vida dos agricultores familiares dentro da produção sustentável. E dentro desse contexto, o Talentos teve uma projeção internacional’, afirmou a coordenadora do projeto, Patrícia Mendes.

A nova coleção do projeto, Flores, foi lançada durante a Rio+20. Artesãs de 12 estados brasileiros produziram as peças inspirada na natureza. A linha de bolsas, chapéus, vestidos, blusas e cachecóis brincam com begônias; beneditas; flores do milho; rosas e beijos; flores de angelim e camalotes; girassóis; onze horas; flores de buriti; mandacarus; estrelícias; flores da alegria e do campo; e amores perfeitos.

O conceito do Talentos do Brasil é justamente resgatar antigas técnicas manuais e incorporar uma visão contemporânea às peças, com a parceria de designers, estilistas e arquitetos brasileiros na concepção de produtos diferenciados. Além de incentivar a moda sustentável, o projeto investe na qualificação das artesãs que vivem em áreas rurais de 12 estados do país.

O projeto é uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento Agrário, em parceria com o Sistema Brasileiro de Apoio às Pequenas e Micro Empresas (Sebrae), e apoio do Programa Texbrasil (Abit e Apexbrasil), da Agência de Cooperação Alemã (GTZ) e do Ministério do Turismo (MTur). Ao longo da exposição, diversas autoridades mundiais, políticos e artistas prestigiaram os produtos da agricultura familiar brasileira.
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