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Agronegócio exporta mais volume, mas fatura menos

Desempenho reflete crise global; relatório da USP diz que setor "anda para trás"


Só o setor de fumo obteve receita maior com menos mercadorias embarcadas, segundo mostraram dados do Ministério da Agricultura.

Cinco de 11 principais setores exportadores do agronegócio brasileiro venderam mais de janeiro a maio deste ano, em relação ao mesmo período de 2008, mas mesmo assim enfrentam reduções de preços e faturamento menor em dólar. O agronegócio ainda sofre fortemente os efeitos da crise mundial.

O único setor que arrecadou mais com as vendas externas foi o do fumo. Apesar de ter vendido 14% a menos (33 mil toneladas) nos cinco primeiros meses do ano, faturou 17% a mais (US$ 922 milhões), conforme levantamento da Folha.

Apenas o complexo sucroalcooleiro conseguiu equilibrar aumento de vendas com faturamento. Ambos somaram 27% na comparação dos períodos. O setor vendeu 1,9 milhão de toneladas a mais neste ano.
Todos os outros setores exportadores analisados negociaram seus produtos por valores inferiores aos de 2008. O complexo soja, mesmo tendo vendido a mais 3,1 milhões de toneladas (19,8%), teve faturamento maior de apenas 0,9%.

O levantamento foi feito a partir de dados do Ministério da Agricultura.

A Folha calculou a variação do volume exportado de janeiro a maio e comparou com a variação do faturamento obtido com a venda externa apresentada no período.

O setor de cereais, farinhas e preparações exportou 11,7% a mais (409 mil toneladas), mas faturou 15% a menos. Com as exportações de fibras e produtos têxteis, as vendas cresceram 6,9% (18 mil toneladas), mas o faturamento caiu 12,4%.

O setor do café vendeu 13,7% a mais (83 mil toneladas), mas faturou 8,7% menos ante igual período de 2008.

Quedas maiores

Outros cinco setores, além de vender menos, tiveram as maiores quedas de faturamento na comparação entre todas as principais exportações.

A maior perda de faturamento foi a do couro, que vendeu 14,8% a menos (23 mil toneladas) e faturou 45,9% menos.

Com os produtos florestais, as vendas caíram 11,1% (691 mil toneladas) e o faturamento despencou 31,6%. O setor de "carnes" exportou 4,8% menos (120 mil toneladas), com retração de 21,8% na receita obtida.

As vendas de frutas foram 9,1% menores (33 mil toneladas) e o valor faturado caiu 20%. Por fim, as vendas de sucos caíram 0,7% (6.000 t) e a arrecadação foi 13,2% menor.

Relatório dos pesquisadores Geraldo Barros, Arlei Fachinel-lo e Adriana Silva, do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP), apontou que esse setor econômico teve recuo de 0,53% nas suas atividades no primeiro trimestre do ano.

Para eles, a crise mundial pegou em cheio o Brasil. "Todos os elos da cadeia do agronegócio andam para trás", diz o relatório, que destaca poucos setores com mais "firmeza". No caso do couro, o relatório diz que a indústria de calçados marcha aceleradamente para trás.

Apesar de o mercado externo "parecer começar a destravar" e mesmo com a crise sendo amenizada, "o cenário do agronegócio poderá não mostrar grandes mudanças" em 2009.

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