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Ainda em alta, preço do açúcar deve cair só em março

Para 2011, a tendência é de queda, dada a perspectiva de produção maior


O mercado espera que o açúcar feche o ano com uma oscilação de preços entre 25 e 30 centavos de dólar libra-peso impulsionado pela previsão de uma safra de cana menor. Nesta quinta-feira (14), a commodity estava cotada a 28 centavos de dólar libra-peso. Para 2011, a tendência é de queda, dada a perspectiva de produção maior.

Diante deste cenário, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), divulgou que a quantidade de cana-de-açúcar moída no centro-sul alcançou 444,54 milhões de toneladas no acumulado desde o início da safra até o final de setembro. O resultado representa uma alta de 17,31% se comparado com o mesmo período de 2009, quando foram obtidos 378,9 milhões de toneladas.

Para Miguel Biegai, analista da consultoria Safras & Mercado, o preço do açúcar este ano não deve registrar oscilações e baixar mais que 22 centavos de dólar libra-peso, considerado alto, diante da média de 14 centavos.

"O contrato de março tem um forte suporte nos 22 centavos e esse pode ser o patamar que o mercado deve respeitar até dezembro. Acho muito improvável que o valor do açúcar caia mais do que isso. Não vejo razões que possam romper essa barreira", diz.

Já em relação a um possível crescimento, Biegai frisou que o teto de 30 centavos de dólar libra-peso também deve ser respeitado até dezembro. "Acho muito difícil o mercado ultrapassar esse patamar. A banda de oscilação vai de 25 a 30, ou seja, atualmente ele está mais próximo ao topo que ao mínimo", afirma.

Para 2011, a expectativa, a partir de março, é que os preços comecem a baixar e atinjam em outubro a marca de 21,06 centavos de dólar libra-peso. "O contrato de março está em 27,78 centavos, em maio cai para 25,10; em julho, 22,49 centavos, e o de outubro, 21,06. Ou seja, o que o mercado está dizendo é que os preços ao longo de 2011 irão cair por conta da safra maior esperada. Os preços podem cair ainda mais do que isso", disse Biegai.

A expectativa do setor para este ano, era de produzir 595 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, o que representaria um crescimento de aproximadamente 10% se comparado a 2009. Entretanto, Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica, acredita que essa previsão não será confirmada. "Certamente não haverá tempo hábil para a recuperação da produtividade agrícola nesta safra e o volume de cana disponível para a moagem continuará abaixo do projetado no início do ano", disse ele.

Segundo dados divulgados pela entidade, na segunda quinzena de setembro, a moagem ficou em 27,16 milhões de toneladas, 9,23% menor em relação ao mesmo período da safra anterior. Se comparados com a primeira quinzena de setembro a queda chega a atingir 27,03%.

Rodrigues afirmou que a intensa retração na moagem de cana observada na segunda quinzena de setembro ocorreu, novamente, em função das chuvas que atingiram as principais áreas produtoras. "Apesar de ter prejudicado a moagem, o maior volume de chuva nas últimas semanas de setembro não foi suficiente para interromper a queda que vinha sendo observada na produtividade do canavial", disse.

A Unica confirmou também que até o início de outubro, oito unidades produtoras já haviam encerrado a safra 2010/2011 na região Centro-Sul. Além disso, das 10 novas unidades produtoras previstas para iniciar suas atividades na atual safra, apenas uma optou por postergar o início para a safra 2011/2012.

Em relação à concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), por tonelada de cana processada obteve alta de 5,73% na segunda quinzena de setembro, se comparado aos 15 primeiros dias do mês, fechando com 170,16 quilos de ATR. No acumulado desde o início da safra, a quantidade de ATR somou 142,10 quilos por tonelada de cana-de-açúcar, crescimento de 7,36% no comparativo com igual período da safra anterior. O indicador de ATR divulgado pela entidade é calculado a partir do volume de cana-de-açúcar moída e da produção de açúcar e de etanol em determinado período, considerando algumas premissas em relação às perdas industriais.

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