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Algodão colorido gera renda para artesãos em Goiás

Grupo de artesãos descobriu que a produção de peças pode ser econômica, sustentável e lucrativa; eles plantam o algodão e depois tecem


Arte e tecelagem! No interior de Goiás, um grupo de artesãos descobriu que a produção de peças pode ser econômica, sustentável e lucrativa. Para tecer tapetes, cortinas e mantas, eles próprios plantam o algodão colorido.

O trabalho começa na lavoura. São três hectares plantados por ano. A novidade é o uso do algodão colorido em duas variedades: verde e safira, que tem a cor mais alaranjada.

O município de Córrego do Ouro, na região oeste de Goiás, tem menos de 3 mil habitantes. Adriano Carielo Freire é o presidente da Associação Ouro Têxtil Artesanal e defendeu o uso do algodão colorido porque o produto é ecologicamente correto.

"Ele já têm um valor agregado: não agride o meio ambiente com o tingimento porque a cor é natural. Foi também uma forma de conseguirmos um diferencial para os nossos produtos", explica.

"Nós trabalhamos com eles a parte de gestão. A formação de preços, o atendimento, que é fundamental para o contato dele com o cliente, prepará-los para freqüentar eventos onde tenha por princípio a venda", diz Maria Beatriz Ribeiro de Lúcia, consultora do Sebrae em Goiás.

Do total do algodão, 90% são beneficiados em indústrias. O resto é tratado manualmente em mutirões com música e muita disposição.

"Eu me aperto na alegria, na poesia e nas minhas cantorias porque sou muito divertida. Eu gosto muito de ficar com meus amigos, de ser alegre e de trabalhar", diz a fiandeira Ana Pereira Valgas.

"Antigamente faziam as lavouras e, como não tinham indústria para beneficiar isso, faziam muito esse mutirão. Quando queriam ir para uma festa, alguma coisa, sempre tinham que fazer um corte para fazer uma roupa nova, para ficar bem apresentados”, lembra Adriano Carielo Freire.

Outra parte importante do processo é feita em um espaço onde artesãos demonstram habilidade nos teares. As mãos e os pés trabalham em sintonia. O algodão colorido aumenta o faturamento do grupo. As peças produzidas custam 30% a mais que as feitas com algodão tradicional. São guardanapos, jogos americanos, toalhas e até almofadas.

Depois de um curso oferecido pelo Sebrae, os artesãos inovaram e criaram peças com os símbolos de Goiás. As toalhas têm a flor do Cerrado e a flor copo-de-leite, comuns na região. Os clientes não compram simplesmente uma peça, compram a história e a cultura de Goiás e pagam mais caro por isso.

Quanto vale o trabalho de um artesão? Definir o preço de venda sempre foi um problema no grupo. Algumas peças eram baratas demais e outras estavam muito acima do valor de mercado. O Sebrae ensinou ao pessoal o jeito certo de calcular horas de produção, o custo de matéria-prima e impostos para chegar a um preço justo e competitivo.

Hoje as 700 peças produzidas por mês são vendidas em lojas de Goiás e Minas Gerais. Cada artesão ganha em média um salário mínimo por mês. Ana Lemes produz jogos americanos e caminhos de mesa. A vida melhorou muito com o artesanato. “Para quem não tinha nada de renda, está ótimo”, comemora a artesã.

A coleção tem cerca de 30 peças diferentes. O Sebrae pretende contratar um designer para criar novos modelos. O amadorismo sai de cena e surge uma estratégia de gestão empresarial, com divisão de tarefas e metas de crescimento. Em 2006, o grupo foi um dos vencedores do Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato, concedido para as 100 unidades de produção artesanal mais competitivas do Brasil.

"O prêmio certifica a qualidade na gestão. Uma empresa que esteja certificada com o Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato assegura para o cliente que não polui o meio ambiente, não trabalha com crianças e pratica um preço justo", diz Maria Beatriz Ribeiro de Lúcia.

A próxima meta é ambiciosa: conquistar o mundo a partir de Córrego do Ouro. Os artesãos preparam o lançamento de uma loja virtual. É a chegada do algodão colorido à internet. "Não podemos ficar fora disso. Temos que estar dentro. Um dos objetivos da associação é montar essa loja virtual até o fim do ano para ajudar a atingir a meta que desejamos", adianta Adriano Carielo Freire.

Serviço:

Associação Ouro Têxtil Artesanal - (64) 3687-1166 , 8118-7331 e 8119-2551
Sebrae/GO - 0800 570 0800 ou (62) 3250-2235
http://www.sebraego.com.br

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