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Algodão seguirá em queda até o início da safra 2013/2014

Indústrias têxteis aguardam a maior oferta do produto


Até o início da colheita da safra 2013/2014, o mercado de algodão tende a se manter com preços em patamares baixos. Isso porque as indústrias têxteis reduziram a demanda e aguardam a maior oferta do produto para voltarem às compras a valores ainda menores. A especulação de que o governo chinês reduzirá as importações da cultura a curto prazo foi mais um agravante para as negociações brasileiras, principalmente no mercado futuro.

De acordo com o presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) e vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Milton Garbugio, no mercado interno houve uma decepção por parte dos produtores. "Esperávamos um avanço na demanda e na verdade aconteceu o inverso. Tivemos mais oferta do que procura e o preço já caiu R$ 10 por arroba do início do ano até agora", diz.

As expectativas tanto eram positivas que as áreas para plantio foram aumentadas no principal estado produtor, o Mato Grosso. A região responde por aproximadamente 56% da produção brasileira de algodão em pluma na safra 2013/2014. Segundo informações da Ampa, foram plantados cerca de 617 mil ha a mais para a próxima safra, um aumento em torno de 35% na área disponível.

"Agora as indústrias estão trabalhando com estoques baixos, comprando o mínimo possível até a nova safra, esperam a oferta maior para ver se compram com preço ainda mais baixo. Querem entrar na safra nova com o mínimo de algodão. Mas creio que isso seja positivo para a recuperação do mercado, porque eles vão ter que fazer novas compras", explica Garbugio.

Para o analista do Safras e Mercado, Rodrigo Neves, com a demanda baixa, os produtores foram obrigados a reduzir a quantidade de oferta. "Se o produtor largasse todo o seu produto no mercado, os preços despencariam. Toda a indústria está trabalhando com estoque", avalia.

Apesar das quedas, o analista afirma que o preço ainda está em um patamar bom, em torno de 29,5% acima do mínimo de R$ 71,10 por arroba.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a atual produção brasileira de algodão em pluma é de aproximadamente 1.641.000 toneladas e o País é o quinto maior produtor mundial, atrás de China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. O Brasil também tem posição consolidada entre os cinco maiores exportadores mundiais.

Mercado externo

Outro fator que impacta no recuo dos valores é a especulação de que a China diminuiria suas compras internacionais na cultura.

"Esse indício é de que o país passe a se preocupar mais com a demanda interna. Eles se preocupavam com o mercado externo, mas têm um vasto público consumidor e devem se voltar para isso", comenta Neves.

"A China hoje detém grande parte do estoque mundial, existe algodão no mundo, mas a maior parte do estoque está lá e a tendência é que eles venham a desovar o que já têm e abasteçam a demanda interna. Vão continuar importando um pouco, até porque essa liberação de estoque é gradativa", diz o produtor Alexandre de Marco.

Esta notícia impactou diretamente os preços dos contratos futuros. "Em Nova York os preços estão em US$ 94,74 centavos de libra-peso. Para outubro, o valor cai em torno de US$ 79,34 centavos de libra-peso. Ou seja, o preço futuro está sendo negociado abaixo do valor atual", destaca o analista de mercado.

Segundo Neves, a China está importando menos, tanto do nosso produto quanto dos EUA.

Produção

Com relação aos problemas climáticos do início de ano, que interferiram em diversas culturas, a pesquisadora do Cepea, Maria Aparecida, diz que não houve prejuízos no algodão, "mas agora os produtores devem se atentar ao que ainda está no campo".

"Algumas lavouras mais tardias tiveram problemas com produção por excesso de chuvas. Só saberemos a partir de abril se vai haver quebra de safra na colheita de maio e junho. Está um tempo muito nublado e temos que nos precaver com fungicidas. Entre abril e maio tem que chover para podermos concluir a produção", conta o produtor Alexandre Schenkel, da região de Campo Verde, no Mato Grosso.

Apesar dos entraves comerciais, de acordo com a Conab, o Estado do Tocantins aumentará em 42,2% a área para plantio e a produção, propriamente dita, deve crescer em 70,2%. Serão 30,54 mil toneladas para a próxima safra, contra 17,94 mil toneladas na safra anterior.

Para Garbugio, os avanços em outros estados ainda não serão expressivos comparados ao MT.

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