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Alta do algodão estimula venda antecipada

As cotações atuais do algodão estão em torno de 63,50 centavos de dólar


A recuperação dos preços do algodão no mercado internacional tem impulsionado as vendas antecipadas da pluma brasileira. Há registros de volumes comprometidos, sobretudo para exportação, até a safra 2009/10. As cotações atuais do algodão estão em torno de 63,50 centavos de dólar por libra-peso na bolsa de Nova York (contratos de dezembro), com valorização de 12,3% nos últimos doze meses. Para os contratos de dezembro de 2008, os preços estão em 70,58 e para julho de 2009, em 73 centavos.

A intenção dos produtores americanos de destinar maior área para milho e para soja, em detrimento do algodão, tem dado suporte às cotações da pluma. "O aquecimento da demanda global por algodão também dá sustentação aos preços", diz Marco Antonio Aloísio, da trading Esteve.

Segundo Aloísio, o quadro de oferta e demanda global por algodão está equilibrado na safra 2006/07, mas as incertezas para as safras futuras dão suporte para que os preços do algodão subam.

De olho nesse possível cenário apertado no mercado internacional para os próximos anos, os produtores brasileiros começaram a antecipar suas vendas. Para esta safra em curso, a 2006/07, a colheita será recorde, de 1,520 milhão de toneladas. Deste total, 1,046 milhão de toneladas, ou 69% do total, já estão comprometidas. Para as exportações, são 606 mil toneladas, o dobro do exportado em 2005/06. Esses embarques devem gerar uma receita aproximada de US$ 750 milhões.

Para a safra 2007/08, que começa a ser plantada em dezembro, estão comprometidas 664 mil toneladas, 82% do total para o mercado externo. Para 2008/09, são 306,8 mil toneladas negociadas, das quais 96% para o mercado externo. Em 2009/10, são 69 mil toneladas já comprometidas para exportação. Esse levantamento foi divulgado ontem pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), com base nos registros feitos na Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM).

Segundo Fernando Martins, analista de commodities da corretora Fimat Futures, com sede em Nova York, o algodão brasileiro está avançado sobre mercados antes ocupados por países africanos. A redução da produção de algodão da Austrália também dá maior espaço ao Brasil. "Os países asiáticos, sobretudo China, Índia e Paquistão, continuam fortes importadores", diz.

O Brasil exporta a pluma para mais de 60 países. E essa conquista no mercado internacional é relativamente recente. O país retomou a produção de algodão no país fim dos anos 90. As exportações em grandes volumes começaram mesmo a partir de 2002. Na década de 80, o país era exportador, mas o algodão não era considerado de boa qualidade. Atualmente, a qualidade do algodão brasileiro é reconhecida no mundo, e a fibra é adquirida por países exigentes, como a Itália, afirmam analistas.

Outro fator de sustentação para os embarques brasileiros de algodão são os leilões de Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) realizados pelo governo. Esse instrumento é usado para garantir um preço mínimo aos produtores nos momentos de baixa do mercado. "Há uma sinalização do governo de manter essa política também para a próxima safra", diz Aloísio.

No mercado interno, os preços do algodão também se mantêm firmes, mesmo durante o pico da colheita no país. Até o fim de julho, 65% da colheita estava concluída. Segundo Maria Cristina Afonso, pesquisadora na área de algodão do Cepea, os produtores estão priorizando as exportações, uma vez que o consumo de pluma no país é estável, em torno de 800 mil toneladas por ano. Ontem, as cotações da pluma fecharam a R$ 1,1516 por libra-peso.

Segundo Aloísio, a expectativa é de que na próxima safra, a 2007/08, os produtores repitam ou aumentem a área plantada para o algodão. Em 2006/07, o plantio ocupou 1,093 milhão de hectares. "O produtor vai ter de avaliar se compensa aumentar a área com algodão, ou se vão apostar no milho e na soja que também estão com preços atraentes", diz.

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