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Amaggi está de olho na safrinha de milho

Grandes tradings de soja estão fazendo compras antecipadas também de milho


Pela primeira vez, grandes tradings tradicionais no ramo de soja estão fazendo compras antecipadas também de milho. A Amaggi começou a fechar os contratos há 60 dias, que até agora somam 200 mil toneladas. Com isso, a empresa pretende mais que dobrar as exportações do grão em relação ao realizado em 2006, comercializando 400 mil toneladas.

"É um ano atípico, por conta das cotações do grão na Bolsa de Chicago. Compramos muito, perto do que normalmente realizávamos", afirma o diretor-superintendente da Amaggi, Waldemir Ival Loto. Em 2006 a empresa vendeu ao exterior entre 100 mil e 150 mil toneladas de milho, 100% de produção própria da divisão agrícola do grupo.

As compras antecipadas deste ano estão sendo feitas apenas na região de Campo Novo do Parecis (MT). "Como o objetivo é exportação, é mais vantajoso comprar o grão do Parecis, onde já temos logística consolidada para exportação. As outras localidades de Mato Grosso são mais propícias para o mercado interno", explica.

As cargas saem por via rodoviária até Porto Velho (RO), onde seguem pelo rio Madeira até o terminal da empresa em Itacoatiara (AM). De lá, os grãos saem pelo rio Amazonas."Esta compra antecipada de milho foi sempre o que o produtor quis. Mas, até então, o mercado do grão não oferecia condições para efetivá-la", diz.

Em Lucas do Rio Verde (MT) - maior produtor nacional de milho safrinha - o crédito das tradings para financiar a lavoura dobrou nesta safra, segundo o presidente da Fundação Rio Verde, Egídio Vuaden. De acordo com ele, no ano passado, havia oferta de recursos para plantar metade da área, parcela que atualmente está em 100%.

Ele avalia que a cotação do grão há alguns anos não remunerava o plantio. Por isso, a oferta de crédito era muito baixa. "Com o aquecimento do preço do milho, o valor está compensatório mesmo com a defasagem cambial. Aqui em Lucas do Rio Verde a demanda é ainda maior por conta das indústrias de avicultura e suinocultura existentes na região", pondera Vuaden.

O presidente do Sindicato Rural do município, Júlio Sinpak, estima que 40% de toda área de safrinha da região já tenha sido vendida antecipadamente. Ele acredita que o patamar não deverá subir, pois considera que os produtores da região estão mais capitalizados e vão preferir vender o grão no mercado.

O plantio no município começou no final de dezembro, por conta da colheita da soja precoce. A área plantada teve aumento de cerca de 35%. Serão 180 mil hectares, mais 150 mil hectares de toda a região, que inclui os municípios de Diamantino, Sorriso e Nova Mutum.

Segundo Vuaden , os valores dos contratos de venda antecipada estão muito bons. "Os preços estão sendo travados com as tradings a R$ 10,50 a saca, valor que no ano passado estava em R$ 7,50", compara.

Vuaden vai plantar 800 mil hectares nesta safrinha. Até agora não fez hedge, pois aguarda uma alta maior. "A minha expectativa é que o preço chegue a US$ 5 a saca (R$ 10,75), já na semana que vem", aposta. Ainda assim, ele pretende apenas vender antecipado o equivalente ao custo de produção da lavoura.

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