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AmBev estimula plantio de cevada no Sul


A estimativa de redução da área cultivada com cevada no Rio Grande Sul em virtude da valorização do trigo levou a Companhia de Bebidas das Américas (AmBev) a apresentar aos agricultores uma nova política de preços para evitar a escassez da matéria-prima necessária à elaboração da cerveja.

Até o ano passado, a cotação da cevada era fixada antes da safra, o que representava um risco para produtores rurais e indústria. Agora, para equiparar o rendimento aos patamares da triticultura, a AmBev vai remunerar de acordo com a cotação regional do trigo.

Como tem um rendimento por hectare maior em volume, a cevada classe 1 terá um valor correspondente a 90% do preço do trigo negociado na região produtora. Os preços da cevada das classes 2 e 3 serão, respectivamente, 75% e 10% do valor pago pela classe 1.

Critérios de classificação

A avaliação tem como base os critérios de classificação do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento. "Com esse programa, o produtor consegue enxergar o valor da cultura pela qual ele está optando, ganhando em previsibilidade", diz o gerente da maltaria da AmBev em Porto Alegre, Marcelo Coelho Otto. A Maltaria Navegantes, na capital gaúcha, para onde a cevada é levada, é a única da companhia no País.

O produtores gaúchos plantam 80% da cevada brasileira, mas a política também vale para os estados de Santa Catarina e Paraná. No Rio Grande do Sul, as estimativas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa-Trigo), de Passo Fundo, indicam que a área cultivada deverá cair dos 97 mil hectares do ano para 75 mil hectares neste ano, uma queda de 22%.

A produção gaúcha, porém, deve ser a mesma do ano passado, em torno de 161 mil toneladas. O excesso de chuvas em outubro do ano passado, época da colheita, determinou a quebra na produção e perda de qualidade. Em safras normais, a produtividade atinge cerca de 2,3 toneladas por hectare.

Política de preços

"O anúncio da AmBev foi positivo. Conheço produtores que não decidiram não plantar cevada este ano e voltaram atrás", afirma o pesquisador da área de melhoramento de cevada da Embrapa Trigo, Euclydes Minella, lembrando que o cultivo começa no final deste mês. No Rio Grande do Sul, a AmBev conta com 500 produtores contratados, além de outros quatro mil que vendem o grão à empresa por intermédio de cooperativas.

Além da política de preços adotada a partir desta safra de inverno, A AmBev financia pesquisas da Embrapa que buscam o desenvolvimento de cultivares melhor adaptadas às regiões produtoras, buscando mais resistência e produtividade.

Em Passo Fundo e em Lapa, no Paraná, a AmBev mantém dois campos experimentais onde são conduzidos estudos com o apoio da Embrapa. A companhia mantém ainda equipes de técnicos que orientam os produtores sobre o manejo adequado da cultura, o que teria ajudado os produtores do Sul a colherem uma cevada que corresponde aos padrões de qualidade exigidos pela indústria cervejeira.

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