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Amorim diz que Bolívia voltou a ter interesse por pólo de gás

A Bolívia voltou a ter interesse na implantação de um pólo gás-químico, na região de Corumbá (MS) e Puerto Suárez


O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que a Bolívia voltou a ter interesse na implantação de um pólo gás-químico, na região de Corumbá (MS) e Puerto Suárez, fronteira entre os dois países.

O chanceler afirmou, após a conversa entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Evo Morales, que as negociações entre empresas estatais de petróleo do Brasil e da Bolívia – Petrobras e YPFB – ganharam “impulso político” para fixar um novo preço do gás. Lula e Amorim estão em Cochabamba, Bolívia, onde participaram na sexta-feira (08-12) à noite da Cúpula da Comunidade Sul-Americana de Nações.

"Pela primeira vez em muito tempo escuto um renovado interesse na Bolívia pelo gás químico...É positivo que estejamos discutindo muitos outros projetos conjuntos", disse Amorim à agência Reuters. Segundo o chanceler, os dois presidentes vão deixar a discussão do preço do gás para os técnicos.

A Petrobras e a YBFB acertaram uma ampliação de 120 dias no prazo para as negociações em torno do pedido boliviano de elevar o preço do gás mediante a mudança da fórmula de reajuste trimestral estabelecida. A Bolívia quer que o Brasil pague US$ 5 por milhão de BTU (unidade de medida que vem da sigla unidades térmicas britânicas).

As negociações sobre o preço do gás interessam diretamente a Mato Grosso do Sul. Como o Estado é a porta de entrada do gás boliviano que abastece São Paulo e os três Estados do Sul, todo ICMS sobre o gás fica nos cofres sul-mato-grossenses. Hoje, com o milhão de BTU de gás tabelado a pouco mais de três dólares, o Mato Grosso do Sul recebe R$ 1 milhão por dia.

A declaração de Amorim sobre o pólo ajuda a reacender dois debates que costumam ser calorosos na região de Corumbá: o do desenvolvimento e o do meio ambiente. Pelo projeto existente, o pólo vai mobilizar mais de US$ 1 bilhão em investimentos na fronteira e será formado por três indústrias: uma separadora de gás que vai extrair o GLP (gás de cozinha), uma transformadora (responsável pela transformação do etano em eteno) e uma terceira que usa o eteno como matéria-prima para polimerização. Além do gás de cozinha, os produtos a serem fabricados no local são: gás de cozinha, polietileno (matéria-prima da indústria do plástico) e amônia para produção de fertilizantes. As empresas que já apresentaram interesse no projeto, que será liderado pela Petrobras (se sair do papel), são Copagaz (separadora), a Repsol (empresa do setor de petróleo da Espanha) e a Brasken (ligada ao grupo Odebrecht).

Enquanto os defensores do projeto falam em risco ambiental insignificante dada à natureza das indústrias, o licenciamento dos empreendimentos tende a ser demorado e turbulento, em especial pelas obras de infra-estrutura que o pólo demanda, como ampliação de portos e da própria hidrovia para garantir o escoamento da produção.

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