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Análise semanal do mercado da soja

A média do mês de novembro ficou em US$ 11,67


Prof. Dr. Argemiro Luís Brum1
Emerson Juliano Lucca2
 
Comentários referentes ao período entre 25/11 a 01/12/2011
 
As cotações da soja no final de novembro passaram por uma correção técnica, com elevações que permitiram sair de US$ 11,06/bushel no dia 25/11 para US$ 11,28/bushel nesta quinta-feira (1º de dezembro). A média do mês de novembro ficou em US$ 11,67, enquanto no mesmo mês de 2010 ela foi de US$ 12,51/bushel. Ou seja, considerando o primeiro mês cotado, nos últimos 12 meses, em termos médios, a cotação da soja em Chicago recuou 6,7% ou 84 centavos de dólar por bushel. Isso confirma o óbvio: os preços desta temporada, em Chicago, estão mais baixos do que os registrados no ano passado.

Dito isso, o mercado começa a se preocupar com o clima na América do Sul, onde o plantio avança, porém, já está faltando chuvas em algumas regiões. A frente fria que passou neste final de novembro pelo sul do Brasil foi muito fraca nas regiões produtoras. Os meteorologistas continuam afirmando que o fenômeno La Niña (clima mais seco) estará mais presente neste verão sul-americano. Aliás, no Rio Grande do Sul, Uruguai, Argentina e parte do Paraguai, o mês de novembro foi um dos mais secos dos últimos anos.

Paralelamente, no curto prazo também houve um aumento na demanda pelo produto dos EUA, com as exportações melhorando graças aos baixos preços em Chicago. Nesse sentido, os embarques semanais, na semana encerrada em 24/11, alcançaram 1,13 milhão de toneladas, porém, o acumulado do ano, iniciado em setembro, ainda acusa uma enorme defasagem em relação ao ano anterior, já que atualmente o volume soma 10,78 milhões de toneladas em 2011/12, contra 16,07 milhões em igual período de 2010/11.

Nesse contexto, como já vínhamos destacando há muito tempo, o mercado continua ao sabor da especulação financeira, agora mais frouxa devido a continuidade da crise mundial, com ênfase na Europa, mas também porque a China está confirmando sua desaceleração econômica. Se junta a isso, a demanda pelo produto dos EUA, atualmente mais baixa, e o clima na América do Sul.

Pelo lado da demanda, a China alarmou um pouco mais o mercado ao noticiar, na semana anterior, que a atividade industrial do país recuou de 52 para 48 pontos conforme o índice PMI (abaixo de 50, o sinal de alerta aparece). Além disso, os chineses teriam elevados estoques de commodities, o que não os levaria a comprar muito no mercado nas próximas semanas, embora os baixos preços sejam um convite ao fortalecimento de tais estoques.

Ainda no capítulo da economia chinesa, o PIB da China deve ficar mesmo ao redor de 9,2% em 2011, devendo continuar recuando em 2012. No ano passado o mesmo alcançou 10,4%. A freada estaria sendo mais rápida do que o governo local esperava, fato que o fez reduzir o compulsório bancário nesta semana, visando irrigar um pouco mais a economia com crédito.
 
Ao mesmo tempo, anuncia-se que o Chongqing Grain Group Co. vai investir US$ 500 milhões em uma instalação de processamento e transporte de soja no Brasil. O projeto deve ser a maior base produtora de óleo para consumo fora do país asiático.

Enfim, uma notícia positiva para o mercado veio com o anúncio de que as importações chinesas de soja em grão devem somar 5,63 milhões toneladas em novembro, o que seria um recorde mensal em 2011, e 48% acima do registrado em outubro e 2,7% superior ao volume internalizado no mesmo período do ano passado. Para dezembro, se espera importações na casa das 4,8 milhões de toneladas. Os Estados Unidos continuam sendo o principal fornecedor de soja para a China.

Pelo lado da Argentina, o plantio de soja já atingia a 56% da área estimada no final de novembro. Na semana anterior, o número era de 44% e, em igual período do ano passado, de 52%. Espera-se que 19,04 milhões de hectares sejam cultivados na atual safra no vizinho país. Com isso, a produção total em soja está sendo projetada entre 52 e 53 milhões de toneladas para 2011/12, contra 49 milhões, segundo órgãos oficiais, no último ano. A melhor safra foi em 2009/10, com 54,5 milhões de toneladas.

Enfim, a semana terminou com os prêmios nos diferentes portos de embarque da oleaginosa nos seguintes valores: no Golfo do México (EUA), o bushel ficou entre 58 e 74 centavos de dólar; em Rosário (Argentina), entre 58 e 93 centavos; e nos diferentes portos brasileiros, entre 60 centavos e US$ 1,14.

No mercado brasileiro, graças a uma desvalorização do Real durante a semana, a qual chegou a bater em R$ 1,89 em alguns dias, associada à melhoria de Chicago, os preços melhoraram um pouco. Todavia, mais para o final da semana o câmbio retornou para níveis ao redor de R$ 1,79, retirando a vantagem cambial antes obtida. Assim, na média semanal, o balcão gaúcho ficou em R$ 41,32/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 46,50 e R$ 47,00/saco. Nas demais praças, a média semanal ficou entre R$ 41,45/saco em Barreiras (BA) e R$ 45,18/saco em Cascavel (PR). Por sua vez, o contrato novembro/11, na BM&F/Bovespa fechou o mês de novembro em US$ 25,80/saco.

Vale destacar que o plantio da soja no Brasil, até o dia 25,11, atingiu a 86%, contra 79% na média histórica. O mesmo chegava, na mesma data, a 73% no Rio Grande do Sul (56% na média); 98% no Paraná (94%); 98% no Mato Grosso (94%); 100% no Mato Grosso do Sul (93%); 92% em Goiás (82%); 96% em São Paulo (75%); 63% em Minas Gerais (54%); e 78% em Santa Catarina (56%). (cf. Safras & Mercado) Nota-se que em todos os Estados avançado em relação a média, sendo que em alguns locais o mesmo chega a estar bem mais adiantado do que o normal. A ideia dos produtores é procurar fugir de possíveis falta de chuvas no forte do verão, embora já se comece a notar escassez nas mesmas no sul do país a partir desta virada de mês.

Quanto aos preços futuros, a semana terminou com o saco de soja valendo US$ 27,00 para maio/12 em Paranaguá; R$ 47,00 para maio FOB interior gaúcho; sem indicação de preço futuro no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul. Já em Goiás a safra nova ficou em US$ 22,00/saco para março próximo, enquanto no Distrito Federal o valor ficou a R$ 39,00/saco para abril. Em Minas Gerais, a região de Uberlândia fechou a semana em R$ 42,00/saco para abril, enquanto na Bahia e no Maranhão os valores oscilaram entre R$ 40,00 e US$ 21,00/saco, ambos para maio.
 
Nesse contexto, salvo uma quebra importante de safra no Brasil, os preços da futura safra, na média, continuam com tendência a serem menores do que os praticados na comercialização desta última colheita.

A grande vantagem é que os produtores seguiram as orientações de venderem antecipadamente parte de sua futura safra, obtendo preços muito bons. No sul do país encontramos muitos produtores que fecharam negócios ao redor de R$ 50,00/saco. No Centro-Oeste, ao redor de R$ 45,00 e mesmo acima, sendo que no Mato Grosso um pouco mais de 52% da safra futura já está vendida.

Na perspectiva de uma safra cheia, espera-se que a América do Sul colha 142,6 milhões de toneladas (recorde histórico), sendo que 82,6 milhões serão trituradas, enquanto 54,8 milhões de toneladas do grão serão exportadas. Por outro lado, as exportações de farelo por parte da região poderão somar 48,3 milhões de toneladas, enquanto as de óleo de soja chegariam a 7,1 milhões. O consumo interno de farelo ficará em 15,3 milhões de toneladas e o de óleo de soja em 8,6 milhões de toneladas. O maior produtor regional continua sendo o Brasil com 75,3 milhões de toneladas projetadas, assim como o maior exportador individual de grãos de soja com 34 milhões de toneladas. Já a Argentina confirma sua liderança na exportação de farelo e óleo de soja, com respectivamente 30,5 milhões e 5 milhões de toneladas projetadas para 2011/12. (cf. Safras & Mercado)

Abaixo seguem os gráficos da variação de preços da soja e seus derivados no período de 04/11/2011 e 01/12/2011.
 
 
 
 
 
1 Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2 Economista, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.

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