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Análise semanal do mercado da soja

As cotações em Chicago pouco se movimentaram durante esta semana


Prof. Dr. Argemiro Luís Brum1
Emerson Juliano Lucca2
 
Comentários referentes ao período entre 02/12 a 08/12/2011
 
As cotações da soja em Chicago pouco se movimentaram durante esta semana, com o fechamento deste dia 08/12 ficando em US$ 11,32/bushel, após US$ 11,28 uma semana antes. O mercado trabalhou bastante na defensiva, na expectativa dos números do relatório de oferta e demanda, a ser divulgado no dia 09/12. Além disso, a comercialização da soja dos EUA continua lenta e a safra sul-americana, salvo no Rio Grande do Sul, continua avançando bem em termos de clima. Todavia, começa a ganhar corpo a preocupação de que a falta de chuvas nas regiões produtoras do sul do Brasil, da Argentina e do Uruguai, em dezembro e janeiro possa ser uma constante.

Quanto as exportações dos EUA, os registros, na semana encerrada em 24/11, ficaram em 489.600 toneladas, contra 921.600 toneladas na semana anterior. Já os embarques de soja, na semana encerrada em 1º/12, atingiram 861.400 toneladas, acumulando desde setembro um total de 11,6 milhões de toneladas, contra 17,4 milhões no mesmo período do ano anterior. Ou seja, os embarques acumulados estão 33% mais baixos neste ano de 2011/12.

Pelo lado da demanda, previsões otimistas do Rabobank apontam compras chinesas de soja, no atual ano comercial, entre 58,5 e 60 milhões de toneladas, quando o USDA fala de 56,5 milhões de toneladas. Na atual conjuntura econômica mundial, e mesmo chinesa, os números do governo dos EUA parecem mais realistas.

Quanto aos prêmios nos diferentes portos de embarque de soja, no Golfo do México (EUA) os mesmos oscilaram entre 58 e 74 centavos de dólar por bushel. Na Argentina, em Rosário, os mesmos ficaram entre 60 e 84 centavos, enquanto nos portos brasileiros os prêmios oscilaram entre 62 centavos e US$ 1,05/bushel, todos para esse mês de dezembro.
Na Argentina, o plantio da soja alcançou 73% neste dia 08/12, contra 67% um ano antes.

Já no Brasil, os preços da soja recuaram em função do recuo no câmbio (durante boa parte da semana o mesmo trabalhou abaixo de R$ 1,80, porém, se fixando em R$ 1,81 por dólar no dia 08/12). Como as cotações em Chicago pouco mudaram, o balcão gaúcho recuou para R$ 40, 61/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 45,00 e R$ 46,00/saco, em média. As perdas na semana ficaram acima de 2%. Nas demais praças, os lotes ficaram entre R$ 40,75/saco em Barreiras (BA) e R$ 44,00/saco em Cascavel (PR). No geral, o mercado começa a acompanhar a ideia, por nós já levantada há alguns meses, de que os preços médios em 2012 tendem a ser menores, em condições normais de safra.

Dito isso, os embarques do complexo soja brasileiro em novembro ficaram em 1,76 milhão de toneladas de grãos de soja, acumulando 31,5 milhões entre janeiro e novembro deste ano. No farelo, os mesmos ficaram em 1,2 milhão no mês passado, acumulando 13,4 milhões nos 10 primeiros meses do ano. Enfim, no óleo de soja o volume mensal ficou em 166.100 toneladas (ainda volume parcial referente ao óleo bruto), acumulando 1,6 milhão de toneladas entre janeiro e outubro do corrente ano. (cf. Safras & Mercado)

Quanto a comercialização, a safra 2010/11, até o dia 02/12, havia sido vendida por um total 66,6 milhões de toneladas ou 90% do total produzido. A média histórica é de 94%. No Rio Grande do Sul as vendas atingiam a 80%; no Paraná 77%; Mato Grosso 98%; Mato Grosso do Sul 88%; Goiás 97%; e Minas Gerais 96%. Sobre a comercialização antecipada da futura colheita 2011/12, até o dia 02/12 os produtores brasileiros haviam negociado 33% da safra, contra 26% na média histórica. Por Estado, o Rio Grande do Sul chegava a 24%, contra 6% na média; Paraná a 18%, contra 11%; Mato Grosso 45%, contra 44%; Mato Grosso do Sul 26%, ficando dentro da média; Goiás 40%, contra 29%; São Paulo 28%, contra 12%; Minas Gerais 33%, contra 25%; Bahia 39%, contra 35% e Santa Catarina 17%, contra 11% em média. (cf. Safras & Mercado)

Já o plantio desta nova safra, no mesmo dia 02/12, chegava a 93% no país todo, contra 87% na média da época, sendo 88% no Rio Grande do Sul; 99% no Paraná e Mato Grosso; 97% em Goiás; 80% em Minas Gerais; 78% na Bahia; e 90% em Santa Catarina. No Mato Grosso do Sul e São Paulo o plantio já estaria concluído.

Quanto aos preços da futura safra, no Paraná, para março, preços nominais ao redor de US$ 27,00/saco. No Rio Grande do Sul, o FOB interior ficou em R$ 46,00/saco para maio. No Mato Grosso não houve indicação de preço, enquanto no Mato Grosso do Sul, o nominal ficou em R$ 38,00/saco para março. Já em Goiás o mesmo registrou US$ 22,00/saco para março igualmente. A região de Brasília, para abril, ficou em R$ 38,00/saco. Em Minas Gerais, para abril, R$ 40,00/saco, o mesmo acontecendo na Bahia, para maio. Enfim, no Maranhão o preço futuro oscilou ao redor de US$ 21,00/saco para maio.

Em Chicago, entre agosto e dezembro, os preços para o primeiro mês cotado recuaram 17,6%. No mercado interno, a média gaúcha perdeu 3,1% no mesmo período. O que evitou um recuo maior nos preços da soja em reais, portanto, foi a desvalorização do Real no período, com o valor do mesmo passando de R$ 1,55 para os atuais R$ 1,81, ou seja, uma desvalorização de 16,8% em quatro meses, embora a mesma tenha estacionado há cerca de 40 dias. Assim, não é de surpreender que a tendência para 2012 indique preços um pouco menores, pois Chicago pode continuar recuando, na esteira das dificuldades de exportação por parte dos EUA, enquanto o câmbio não aponta para desvalorizações maiores, salvo uma derrapagem econômica significativa. Enfim, muita coisa estará ligada ao mundo encontrar uma solução duradoura para a presente crise e o efeito que isso irá provocar no dólar e nos fundos de investimentos, que deixaram parcialmente de atuar nas bolsas nos últimos tempos.

Abaixo seguem os gráficos da variação de preços da soja e seus derivados no período de 11/11/2011 e 08/12/2011.
 
 
 

 
 
1 Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2 Economista, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.

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