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Análise semanal do mercado da soja

Comentários referentes ao período entre 23/12/2011 a 09/02/2012


Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Emerson Juliano Lucca²
 
Comentários referentes ao período entre 23/12/2011 a 09/02/2012
 
Nestas semanas em que estivemos de recesso de final de ano e férias, o mercado da soja evoluiu positivamente em Chicago. O mesmo saiu de uma cotação de US$ 11,53/bushel em 21/12/2011, registrou a média de US$ 11,44 em dezembro/11 e de US$ 12,02 em janeiro/12 (ganho médio de 5,06% de um mês para outro), fechando este dia 09/02/2012 em US$ 12,27/bushel, após ter atingido a US$ 12,33 no dia 06/02. Ao mesmo tempo o farelo chegou a bater em US$ 328,60/tonelada curta no dia 03/02, enquanto o óleo de soja ultrapassou novamente os 52 centavos de dólar por libra-peso.

Esse reaquecimento das cotações em Chicago se deveu a dois fatores em particular. O primeiro, e mais importante, é a forte seca que atinge o sul da América do Sul, com quebras importantes na Argentina, sul do Brasil, parte do Uruguai e Paraguai. Com isso, a produção brasileira já está sendo estimada em 70,2 milhões de toneladas, contra cerca de 75 milhões inicialmente. Na Argentina, a expectativa de uma colheita ao redor de 53 milhões de toneladas já está revista para algo em torno de 46 a 48 milhões. O segundo fator está no retorno parcial, neste início do ano, dos especuladores financeiros ao mercado de commodities, mesmo com a crise ainda forte na Europa e no mundo.

E isso tudo, embora o USDA, em seu relatório de oferta e demanda de janeiro/12 ter corrigido para cima a safra final dos EUA em 2011/12, e reajustado igualmente para cima os estoques finais nos EUA. De acordo com aquele relatório, os EUA colheram, definitivamente, um total de 83,17 milhões de toneladas na última safra. Já os estoques finais subiram para 7,48 milhões de toneladas, após 6,26 milhões em dezembro passado e 5,71 milhões registrados em 2010/11. Desta forma, o patamar de preços médios aos produtores estadunidenses, em janeiro, passou para valores entre US$ 10,95 e US$ 12,45/bushel. Em termos mundiais, a produção e os estoques recuaram um pouco, sob efeito das quebras na América do Sul. Assim, a produção total, em janeiro, para a safra 2011/12 ficou em 257 milhões de toneladas e os estoques finais em 63,43 milhões de toneladas, com este último recuando 1,72% sobre o projetado em dezembro passado.

Nesse dia 09/02 um novo relatório de oferta e demanda foi divulgado pelo USDA. O mesmo não trouxe grandes novidades em relação a janeiro:

a) a safra passada dos EUA ficou confirmada em 83,17 milhões de toneladas;

b) os estoques finais dos EUA, para 2011/12, se mantiveram em 7,48 milhões de toneladas;

c) o patamar médio de preços se alterou um pouco, ficando agora entre US$ 11,10 e US$ 12,30/bushel, no ano de 2011/12;
d) safra mundial de soja, refletindo a quebra sul-americana, baixou para 251,47 milhões de toneladas;

e) estoques finais mundiais para o ano 2011/12 recuando para 60,28 milhões de toneladas;

f) safra brasileira 2011/12 estimada em 72 milhões de toneladas (ainda otimista);

g) safra argentina estimada em 48 milhões de toneladas;
 
h) importações chinesas reduzidas para 55,5 milhões de toneladas.

Vale ainda indicar que a nova projeção para a safra sul-americana, a partir dos dados de quebra de safra hoje existentes, dá conta de uma produção total de soja ao redor de 130 milhões de toneladas e não mais em 135 milhões (USDA) ou mesmo 141,9 milhões (Safras & Mercado). Obviamente ainda é muito cedo para se ter um número definitivo, porém, a quebra tem sido significativa em muitas regiões, enquanto as chuvas ainda são muito esparsas e com volumes nem sempre suficientes.

Por outro lado, a forte onda de frio na Europa provoca transtornos na produção em algumas oleaginosas, podendo aumentar o déficit local por estes produtos e seus derivados, particularmente canola e girassol.
Nesse sentido, a produção dos 17 maiores óleos e gorduras na União Europeia resultou num volume de 11,8 milhões de toneladas, fato que exige importante importação desses produtos para 2012.

Enfim, as importações de oleaginosas por parte da China, no ano comercial outubro-11/setembro-12 está estimada em 59,4 milhões de toneladas (um novo recorde), sendo que a soja contribuiria com 56,5 milhões de toneladas, após 52,34 milhões importadas no ano anterior.

Os prêmios nos diferentes portos, para fevereiro/março, fecharam esta primeira semana cheia de fevereiro entre 45 e 77 centavos de dólar por bushel no Golfo (EUA); entre 59 e 64 centavos em Rosário (Argentina); e entre 65 centavos e US$ 1,08 por bushel nos diferentes portos do Brasil. Para abril, Paranaguá registra valores entre 42 e 45 centavos e Rio Grande entre 55 e 60 centavos.

No Brasil, os preços médios no balcão gaúcho se estabilizaram ao redor de R$ 43,00/saco, recuperando-se um pouco graças a Chicago. Porém, não são melhores porque o Real voltou a se valorizar nestas primeiras semanas de 2012, estando atualmente ao redor de R$ 1,72. Quanto aos lotes, o Rio Grande do Sul terminou esta semana de fevereiro registrando valores entre R$ 48,00 e R$ 48,50/saco. Nas demais praças nacionais, os mesmos giraram entre R$ 35,75/saco em Sapezal (MT) e R$ 46,25/saco no norte do Paraná. Nota-se que nas regiões onde não há problemas climáticos, os preços se mantêm nos níveis de dezembro passado. Na BM&F/Bovespa o contrato maio/12, para a soja, ficou cotado a US$ 28,00/saco (ao câmbio de hoje equivale a R$ 48,16/saco).

Assim, os preços em geral se mantêm um pouco menores do que os do ano passado, porém, ainda em excelentes patamares. Infelizmente, para as regiões onde as quebras são importantes (ao redor de 40% no Rio Grande do Sul) estes preços não farão a diferença em relação ao prejuízo. Afinal, não há preço que pague uma frustração de safra. Vale ainda destacar que a colheita já iniciou no Norte e Centro-Oeste do país, com menos de 5% colhidos no total até o momento.

Abaixo seguem os gráficos da variação de preços da soja e seus derivados no período de 23/12/2011 e 09/02/2012.
 
 
 
1 Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2 Economista, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.

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