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Análise semanal do mercado da soja

Comentários referentes ao período entre 10/02/2012 a 16/02/2012


Comentários referentes ao período entre 10/02/2012 a 16/02/2012

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum1
Emerson Juliano Lucca2
 
As cotações da soja continuaram em alta nesta semana de fevereiro, puxadas ainda pela seca no sul da América do Sul, onde praticamente não choveu neste mês de fevereiro, e as perdas aumentam diariamente. Outro fator que manteve aquecido o mercado em Chicago foi a manutenção da presença dos especuladores financeiros, já que o anúncio de aprovação do pacote de “salvamento” da Grécia, no domingo, deu certa tranqüilidade ao mercado mundial, embora as fortes tensões sociais existentes.

Desta forma, o bushel, após ter alcançado US$ 12,61 no dia 15/02, fechou a quinta-feira (16) em US$ 12,58. Este valor ainda está abaixo dos US$ 13,66 registrados na mesma época do ano passado, porém, é superior aos US$ 11,98/bushel verificados no encerramento de 2011.

Vale destacar que Chicago entrou no período em que os operadores “disputam” os futuros hectares de terra a serem cultivados entre a soja, milho e trigo. Assim, artificialmente a soja ganha valor para se tornar compensatória perante os dois cereais, visando estimular os produtores estadunidenses a destinarem maior área para a oleaginosa. Nesse sentido, no dia 30/03 sai o relatório de intenção de plantio da safra de verão dos EUA para este novo ano.

Dito isso, os registros de exportação dos EUA, na semana encerrada em 02/02, ficaram em 603.200 toneladas, acumulando 26,92 milhões de toneladas no ano 2011/12, contra 38,54 milhões de toneladas um ano antes e 35,26 milhões em 2009/10. Ou seja, os mesmos estão muito abaixo do normal no atual ano comercial, devendo continuar a se constituir em fator baixista. Já os embarques de soja pelos EUA, na semana encerrada em 09/02, ficaram em 1,05 milhão de toneladas, acumulando 21,6 milhões no atual ano comercial, contra 28,8 milhões em 2010/11.

Por sua vez, o esmagamento de soja nos EUA, no mês de janeiro, alcançou o volume de 3,88 milhões de toneladas, contra 3,94 milhões um ano antes e 3,9 milhões que era a expectativa do mercado.

Ainda pelo lado da oferta, a Argentina, que sofre com a seca, encerrou seu plantio de soja, com um total de 18,7 milhões de hectares cultivados, ficando um pouco abaixo do inicialmente esperado. A produção está projetada, agora, entre 46 e 48 milhões de toneladas. Já a comercialização da safra 2010/11 alcançou 97% do total.

Pelo lado da demanda, confirmando a tendência de menor ímpeto nas compras de soja, a China anuncia importação de 4,61 milhões de toneladas do grão em janeiro, ou seja, um recuo de 10% em relação ao mesmo mês do ano anterior e redução de 15% em relação a dezembro/11.

Já os prêmios, nos diferentes portos de embarque do produto, fecharam a semana entre 47 e 73 centavos de dólar por bushel no Golfo do México (EUA); entre 80 e 86 centavos em Rosário (Argentina) e entre 85 centavos e US$ 1,30 por bushel nos diferentes portos brasileiros. Todos para março do corrente ano. Nota-se uma elevação dos mesmos por conta do menor volume a ser colhido pela América do Sul, devido a seca que atinge boa parte da região.

No Brasil, a seca continua provocando perdas importantes no sul do país enquanto no Centro-Oeste e Norte a colheita avança. Esta última, até o dia 10/02, chegava a 12% no total do país, contra 6% na média histórica. O Paraná já teria 16% colhido, o Mato Grosso 24%, o Mato Grosso do Sul 12% e Goiás 15%.

Quanto a comercialização antecipada da safra 2011/12, até o dia 10/02 tinha-se registros de 43% do volume total esperado, contra a média histórica de 35%. No Rio Grande do Sul o volume ficou em 36%, contra 10% historicamente (nesse Estado, a forte quebra pela seca estancou as vendas futuras, pois há indefinição quanto ao volume final a ser colhido); 26% no Paraná (20% na média histórica); 55% no Mato Grosso, contra igual percentagem na média; 32% no Mato Grosso do Sul, contra 27% na média; e 48% em Goiás, contra 40% na média. (cf. Safras & Mercado)

Já a última safra 2010/11, na mesma data, havia sido comercializada em 94% no país, contra 98% na média histórica para esta época. No Rio Grande do Sul o total vendido ficou em 88%, no Paraná 87% e no Mato Grosso do Sul 96%.

Nesse contexto, os preços internos se mantiveram elevados, com a média gaúcha permanecendo ao redor de R$ 43,00/saco no balcão, enquanto os lotes variaram entre R$ 47,80 e R$ 48,20/saco. Nas demais praças, os lotes oscilaram entre R$ 38,25/saco em Sapezal (MT) e R$ 47,25/saco no norte do Paraná. Tais preços são menores do que os registrados na mesma época do ano passado. Um ano antes, por exemplo, os lotes no mercado gaúcho, giravam entre R$ 49,50 e R$ 50,50/saco. No Mato Grosso (Rondonópolis) os mesmos ficavam ao redor de R$ 43,90/saco em média, contra R$ 40,95/saco na média desta atual semana. Ou seja, há uma defasagem entre 2 a 3 reais por saco. A mesma só não é maior porque a seca no sul da América do Sul puxou as cotações em Chicago, assim como pressiona o próprio mercado interno. Enfim, na BM&F/Bovespa, o contrato para maio/12 ficou em US$ 28,65/saco nesta semana, enquanto para maio de 2013 o mesmo registrou o valor de US$ 27,08/saco.

Vale lembrar que a manutenção do câmbio ao redor de R$ 1,72 na semana, freou a elevação dos preços em reais.

Nesse momento, para maio/12, a indicação de preços no interior gaúcho está em R$ 47,00/saco, indicando que, mesmo diante da seca, no momento da colheita (que tende a ser 40% menor do que o esperado nesse Estado), os preços podem recuar um pouco, pela pressão da oferta e necessidade de caixa dos produtores rurais que perderam quase a totalidade do milho e não conseguem negociar a contento o trigo do inverno passado. Em Goiás, já para fevereiro de 2013, houve indicações de preço a US$ 24,00/saco (R$ 41,28/saco ao câmbio de hoje). Na região de Brasília, para abril/12 os preços giraram ao redor de R$ 42,50/saco. Em Minas Gerais, também para abril, o preço ficou em R$ 43,00. Já em Santa Catarina, para maio/12, a indicação na compra registrou R$ 44,00/saco. Na Bahia, para abril/12, o saco registrou preço de US$ 24,60. (cf. Safras & Mercado)
Abaixo seguem os gráficos da variação de preços da soja e seus derivados no período de 20/01 a 16/02/2012.
 
 
 
 
 
 
1 Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2 Economista, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.

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