CI

Análise semanal do mercado da soja

Referentes ao período entre 21/09/2012 a 27/09/2012


Comentários referentes ao período entre 21/09/2012 a 27/09/2012

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Emerson Juliano Lucca²
 
As cotações da soja sofreram um novo revés nesta semana, consolidando um processo de recuo iniciado na semana anterior. Tudo indica que realmente o mercado iniciou uma nova tendência, a partir da pressão de colheita nos EUA e do clima positivo para o plantio na América do Sul. Além disso, os especuladores financeiros estão se deslocando parcialmente para outros ativos. Assim, após o limite de baixa do dia 17/09, as cotações praticamente recuaram constantemente, fechando esta quinta-feira (27) em US$ 15,70/bushel. Entre o primeiro dia útil (04/09 nos EUA) e o dia 27/09, o mês de setembro assistiu a uma queda de US$ 2,01/bushel para o primeiro mês cotado. Para maio/13, Chicago fechou neste dia 27/09 em US$ 14,79, ou seja, praticamente um dólar a menos do que o valor atual.

Esse quadro, mesmo com um câmbio se mantendo entre R$ 2,00 e R$ 2,04 no Brasil, e os prêmios nos portos consistentes, fez com que os preços da soja no Brasil recuassem bem durante a semana. A média gaúcha no balcão ficou em R$ 73,64/saco, havendo muitas regiões que já praticam valores ao redor de R$ 71,00, após o recorde de R$ 75,00 atingido semanas antes em termos médios. Nos lotes, o Rio Grande do Sul assistiu a um recuo nos seus valores semanais de quase 4%, com o saco fechando entre R$ 82,85 e R$ 84,15. Nas demais praças brasileiras, os lotes variaram entre R$ 69,35/saco em Sapezal (MT) e R$ 82,75/saco em Cascavel (PR). Na BM&F/Bovespa, o contrato novembro/12 ficou em US$ 38,50/saco, março/13 em 33,00 e maio/13 em US$
30,52/saco.

Nos EUA, analistas privados já começam a revisar para cima a safra de soja, após a terem reduzido substancialmente em função do clima seco. Isso se deve ao fato de que, tendo colhido 22% da área até o dia 23/09, contra 8% na média histórica, a produtividade encontrada vem sendo maior do que o esperado. Além do fato de que a produção está entrando em maior intensidade no mercado para esta época do ano.

Assim, a empresa Informa Economics já projeta a atual safra estadunidense em 72,44 milhões de toneladas, contra 71,68 milhões anunciados pelo USDA em seu relatório deste mês de setembro. No milho, a projeção da Informa é de 281,86 milhões de toneladas, contra 281,05 milhões anunciados em setembro pelo USDA.

Paralelamente, as condições das lavouras dos EUA estavam, no dia 23/09, com 34% entre ruins a muito ruins, 31% regulares e 35% entre boas a excelentes, fato que indica novamente uma melhora nas mesmas. Para o milho, 51% estavam entre ruins a muito ruins, 25% regulares e 24% entre boas a excelentes. No caso da soja, 73% das
lavouras estavam em maturação naquela data, contra 59% na média histórica.

Por sua vez, os embarques estadunidenses de soja, na semana encerrada em 20/09, atingiram a 329.800 toneladas, acumulando desde 1º de setembro, início do novo ano comercial 2012/13, um total de 945.900 toneladas, contra 941.800 toneladas em igual período do ano anterior.

Pelo lado da demanda, a China confirma importação de 4,42 milhões de toneladas de soja em grão no mês de agosto, representando recuo de 1% em relação ao mesmo
 
mês do ano passado. No acumulado de janeiro a agosto os chineses importaram 39,3 milhões de toneladas, com elevação de 17,4% sobre o mesmo período de 2011.

Já na Argentina, em números revisados, a última safra de soja ficou em 40,1 milhões de toneladas, contra 39,9 milhões na expectativa do mercado. Enquanto isso, as exportações do vizinho país chegaram a 996.200 toneladas em julho, acumulando nos primeiros sete meses de 2012 um total de 3,21 milhões de toneladas, contra 4,36
milhões em igual período do ano anterior. Quanto ao esmagamento de soja, os argentinos totalizaram 2,96 milhões de toneladas em julho, contra 3,23 milhões em julho de 2011. No acumulado do ano 2012/13, iniciado em abril, o total esmagado pela Argentina chega a 13,45 milhões de toneladas, contra 14,3 milhões no ano anterior.

Enquanto isto, os prêmios nos portos brasileiros continuam indicando forte recuo para abril/maio do próximo ano. Os mesmos, em Paranaguá, estão projetados agora entre menos 20 e menos 29 centavos de dólar por bushel para aquele período. Em Rio Grande os mesmos ficam entre menos 5 e menos 12 centavos. Em Rosário
(Argentina), para junho/13, os valores giram entre zero e menos 15 centavos de dólar por bushel.

Nesse contexto, os preços futuros da soja no Brasil igualmente cederam. Para março/13 Paranaguá (porto paranaense) cotava o saco de soja em US$ 32,20. No Rio Grande do Sul, o interior registrou R$ 63,50/saco para maio, enquanto no Mato Grosso, a região de Rondonópolis indicava R$ 57,00/saco para março. No Mato Grosso do Sul o produto registrava R$ 52,50/saco igualmente para março/13. Em Goiás, valor de US$ 28,00/saco para fevereiro e março próximos, enquanto na região de Brasília valores de R$ 56,00/saco para abril. Em Minas Gerais, a região de Uberlândia indicava valor de R$ 58,00/saco para abril. Já na Bahia o valor atingiu a US$ 27,20/saco para maio/13 (R$ 55,20/saco ao câmbio atual), enquanto o Maranhão apontava R$ 54,10 para o mesmo mês futuro. Enfim, no Piauí, para julho/13, a região de Uruçuí apontava R$ 57,00/saco, enquanto no Tocantins o valor era de R$ 53,70/saco para maio/13. (cf. Safras & Mercado)

Abaixo seguem os gráficos da variação de preços da soja e seus derivados no período de 31/08 a 27/09/2012.
 
 
 
 
 
1_Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França,
coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2_Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de
Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
?
Detect language » Portuguese

?
Detect language » Portuguese

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.