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Análise Semanal do Mercado de Soja

Comentários referentes ao período entre 19/10/2012 a 25/10/2012


Comentários referentes ao período entre 19/10/2012 a 25/10/2012

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Emerson Juliano Lucca²


As cotações da soja em Chicago, depois das baixas das últimas semanas, se recuperaram neste final de outubro, fechando a quinta-feira (25) em US$ 15,64/bushel, após US$ 15,70 na véspera. Em relação ao valor mais baixo obtido nestes últimos tempos (US$ 14,92/bushel em US$ 15/10), o ganho é de US$ 0,72/bushel.


Dentre os motivos, além do normal ajuste técnico após as baixas consideráveis, temos a contínua demanda pela soja dos EUA, mesmo com uma produção menor, fato que compromete os estoques finais; o quase término da colheita naquele país, indicando que novos volumes somente irão entrar no mercado mundial a partir de janeiro/fevereiro, quando a colheita no Brasil se inicia; e o recrudescimento das dificuldades econômicas nos países europeus, somado à indefinição quanto ao resultado das eleições presidenciais dos EUA, fato que leva os especuladores financeiros a buscarem refúgio nas bolsas de commodities.

Hoje, o mercado considera que a resistência a novas baixas em Chicago estaria ao redor de US$ 15,00/bushel. Isso porque, enquanto não entrar a safra sul-americana, o único fornecedor importante de soja no mundo continuará sendo os EUA, que realiza uma safra menor ao inicialmente esperado. Nesse contexto, tudo irá depender da demanda. Se a mesma não realizar um corte em suas importações, se adequando ao novo quadro de oferta, entre esse final de outubro e o final de fevereiro (momento da entrada da safra sul-americana) Chicago ainda poderá viver momentos de altas importantes em suas cotações.

Nesse sentido, a empresa privada Oil World informa que “as exportações mundiais de soja sofrerão uma queda sem precedentes em setembro de 2012/fevereiro de 2013, prevendo exportações de 38 milhões de toneladas, uma mínima de quatro anos, com impressionantes 4,8 milhões de toneladas a menos em comparação com o ano anterior." Muito desse movimento dependerá do que fará a China, mas Oil World avança que os chineses terão que reduzir suas compras externas e usar seus estoques nesse período, se não quiserem elevar novamente os preços mundiais da soja para níveis recordes.

Enquanto isso, os embarques semanais de soja por parte dos EUA, na semana encerrada em 18/10, chegaram a importantes 1,67 milhão de toneladas, após 1,59 milhão na semana anterior. No acumulado do ano comercial, iniciado em 1º de setembro passado, o volume embarcado chega a 6,6 milhões de toneladas, contra 4,3 milhões no mesmo período do ano anterior. Essa realidade vem reestimulando os preços e cria a necessidade de ajustes importantes nas compras dos importadores se não quiserem ver os preços da oleaginosa baterem em novos recordes históricos.

Quanto a colheita nos EUA, até o dia 21/10 cerca de 80% da área havia sido colhida, contra 69% na média histórica.

Já as exportações líquidas estadunidenses, no ano 2012/13, iniciado em 1º de setembro, atingiram a 523.400 toneladas em 11/10, sendo a China o maior comprador com 268.400 toneladas.

Por falar em China, o país asiático anunciou que importou 4,97 milhões de toneladas de soja em grão em setembro, com aumento de 20% sobre setembro de 2011. Nos nove primeiros meses do ano a China importou 44,3 milhões de toneladas, com aumento de 18% sobre o mesmo período do ano anterior.

Desse total, os chineses compraram 3,36 milhões de toneladas da Argentina, isso nos primeiros oito meses do ano (janeiro a agosto), se consolidando como principais compradores do produto argentino. Todavia, em relação ao mesmo período do ano passado, registra-se um recuo nas compras de procedência argentina de 21%.

Por sua vez, a Argentina anunciou um esmagamento de soja ao redor de 2,81 milhões de toneladas em agosto passado, contra 3,02 milhões em igual mês de 2011. No acumulado de seu ano comercial, iniciado em abril, a Argentina já teria esmagado 16,26 milhões de toneladas, contra 17,3 milhões em igual período do ano anterior.

Ao mesmo tempo, em número consolidados, a Argentina informa que sua produção de soja em 2011/12 atingiu apenas 40,1 milhões de toneladas, contra 48,9 milhões no ano anterior e uma projeção, para a futura safra, que está entre 55 e 60 milhões de toneladas segundo o governo local (para o USDA o volume a ser colhido ficaria em 52 milhões de toneladas, talvez 55 milhões se o clima verdadeiramente ajudar).

Desta safra velha, os produtores argentinos já haviam negociado 85% do total até meados deste mês de outubro. Em igual momento do ano anterior, a percentagem negociada era de 93%.

Os prêmios nos portos brasileiros, para março/13 oscilaram entre 15 e 29 centavos de dólar por bushel, enquanto na Argentina (Rosário), para abril/13, os mesmos ficaram entre zero e menos 5 centavos por bushel.

Enquanto isso, no Brasil novas projeções de Safras & Mercado indicam uma área a ser semeada com soja, nesta safra 2012/13, de 27,3 milhões de hectares, a qual resultaria, em clima normal, um total de 82,5 milhões de toneladas. Em isso se confirmando, a área e a produção nacional aumentariam respectivamente de 8,6% e 23,8% sobre a frustrada safra passada. Segundo a mesma fonte, o Paraná semearia 4,7 milhões de hectares para um produção de esperada de 14,8 milhões de toneladas; o Rio Grande do Sul 4,48 milhões de hectares para 12,5 milhões de toneladas; Santa Catarina 490.000 hectares para 1,5 milhão de toneladas; Mato Grosso 7,8 milhões de hectares para 24,6 milhões de toneladas; Goiás 2,8 milhões de hectares para 8,5 milhões de toneladas; Mato Grosso do Sul 1,9 milhão de hectares para 5,7 milhões de toneladas; Minas Gerais 1,15 milhão de hectares para 3,4 milhões de toneladas; São Paulo 670.000 hectares para 1,9 milhão de toneladas; Bahia 1,25 milhão de hectares, para 3,7 milhões de toneladas; Maranhão 620.000 hectares, para 1,8 milhão de toneladas; e Piauí 510.000 hectares para 1,5 milhão de toneladas.

Nesse sentido, até o dia 19/10, o plantio de soja no Brasil atingia a 16% da área esperada, sendo 1% no Rio Grande do Sul; 36% no Paraná; 26% no Mato Grosso; 27% no Mato Grosso do Sul; 3% em Goiás e 9% em Santa Catarina. É bom frisar que, apesar das chuvas terem retornado em grandes proporções no sul do Brasil, o Centro-Norte nacional vem enfrentando déficit hídrico, fato que começa a preocupar o mercado quanto a semeadura da nova safra da oleaginosa.

Nesse contexto geral, os preços locais, a partir de um câmbio estacionado ao redor de R$ 2,02 por dólar, subiram um pouco, com a média gaúcha no balcão ficando em R$ 65,03/saco, enquanto os lotes giraram entre R$ 73,50 e R$ 76,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 69,35/saco em Sapezal (MT) e R$ 78,25/saco em Cascavel (PR). Na BM&F/Bovespa o contrato novembro/12 ficou em US$ 37,50/saco, o contrato março/13 ficou em US$ 32,62/saco e o contrato maio/13 em US$ 31,56/saco.

Quanto aos preços futuros, no Paraná, para março/13 a compra foi cotada a US$ 32,40/saco no porto de Paranaguá. No Rio Grande do Sul, o FOB interior ficou em R$ 64,00/saco para maio/13; no Mato Grosso R$ 55,00/saco para março/13 em Rondonópolis; no Mato Grosso do Sul em R$ 54,00 também para março; em Goiás US$ 28,00/saco para fevereiro/março do próximo ano; na região do Distrito Federal, R$ 56,00 para abril/13; em Minas Gerais , R$ 57,00 para abril/13 em Uberlândia; na Bahia US$ 27,00/saco para maio/13, enquanto no Maranhão, para o mesmo mês, R$ 55,50/saco. Enfim, no Piauí, para junho/julho do próximo ano o saco de soja ficou em R$ 57,00, enquanto no Tocantins o valor futuro ficou em R$ 54,50/saco para maio/13. (cf. Safras & Mercado)

Abaixo seguem os gráficos da variação de preços da soja e seus derivados no período de 28/09 a 25/10/2012.



1 Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2 Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.

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