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Análise semanal do mercado de soja

Comentários referentes ao período entre 26/09/2013 a 03/10/2013


Comentários referentes ao período entre 26/09/2013 a 03/10/2013

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum ¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca ²
Guilherme Gadonski de Lima ³

As cotações da soja fecharam a primeira semana de outubro com baixa, mesmo tendo melhorado a performance durante a semana, terminando a quinta-feira em US$ 12,88/bushel para o primeiro mês cotado e US$ 12,50/bushel para maio. Na semana anterior os respectivos fechamentos haviam sido de US$ 13,16 e US$ 12,75. A média de setembro ficou em US$ 13,69/bushel para o primeiro mês cotado, contra US$ 13,55 em agosto.


Na prática, os contratos da soja bateram nos piores níveis dos últimos 19 meses neste início de outubro, pressionados pela colheita estadunidense e, pontualmente, pelo relatório de estoques trimestrais, posição em 1º de setembro, que apontou volumes maiores do que o mercado esperava. Tais estoques somaram 3,84 milhões de toneladas, contra 3,43 milhões esperados pelo mercado. Mesmo assim, tais estoques estão 17% abaixo de igual período de 2012. Todavia, a safra normal que vem sendo colhida nos EUA deverá repor os mesmos. Tanto é verdade que o USDA, após este anúncio, revisou para cima a safra 2012/13, colocando-a agora em 82,6 milhões de toneladas, com produtividade média de 2.676 quilos/hectare.

Quanto a atual safra, a colheita avança. Até o dia 29/09 a área atingia a 11%, contra 20% na média histórica. Enquanto isso, as condições das lavouras a serem colhidas estavam em 53% entre boas a excelentes, 32% regulares e apenas 15% entre ruins a muito ruins, com melhoria na performance em relação a semana anterior.

Agora o mercado espera o relatório de oferta e demanda deste mês, programado para o dia 11/10. Todavia, o fechamento de escritórios públicos nos EUA, devido ao impasse orçamentário entre o Congresso e o Executivo nesta última semana, pode impedir tal divulgação, assim como de outros relatórios importantes, deixando o mercado ainda mais ao sabor da especulação.

Paralelamente, as exportações líquidas dos EUA, em soja, para o ano 2013/14, iniciado em 1º de setembro, indicaram um volume de 2,8 milhões de toneladas na semana encerrada em 19/09. O principal comprador foi a China com 2,2 milhões de toneladas.

Diante da pressão baixista em Chicago os especuladores que precisam de altas no mercado buscam as poucas notícias que podem reverter, mesmo que parcialmente, o quadro. Assim, na semana falou-se de uma massa de ar frio que poderia trazer geadas sobre as áreas de soja. Todavia, no atual estágio a geada, se vier, além de ser ainda fraca, já não causa grandes problemas às lavouras da oleaginosa. Na verdade, no momento, salvo a incidência de muita chuva que venha a atrasar a colheita, ou algum problema econômico, há poucos elementos altistas em jogo em Chicago.


Nesse sentido, há projeções de chuvas importantes nestes próximos dias nas regiões produtoras dos EUA.

A semana terminou com os prêmios se fixando entre 30 e 68 centavos de dólar por bushel, no Brasil, entre 92 e 93 centavos no Golfo do México (EUA) e entre 20 a 53 centavos em Rosário (Argentina). Todos para fevereiro próximo. Paranaguá, no Brasil, registrou para maio valores entre 3 a 6 centavos por bushel.

No mercado brasileiro tem-se o início do plantio da nova safra de soja pelo norte do país. No restante, o mercado vive ainda um momento de preços elevados na entressafra, com o balcão gaúcho fechando a média da semana em R$ 64,08/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 73,00 e R$ 74,00/saco. Já nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 64,50 e R$ 68,50/saco.

Quanto aos preços futuros, os mesmos continuam interessantes. No Rio Grande do Sul, para maio, o FOB interior ficou em R$ 60,00/saco na compra. No Paraná, para março, a compra ficou em US$ 27,10/saco no porto de Paranaguá (ao câmbio de R$ 2,20, isso representa hoje R$ 59,62/saco). No Mato Grosso, para março em Rondonópolis registrou US$ 21,00/saco ou R$ 46,20. No Mato Grosso do Sul, para o mesmo mês, a região de Dourados ficou em R$ 52,00/saco. Em Goiás, para fevereiro, o valor é de US$ 22,00/saco ou R$ 48,40. Na região de Brasília, para abril, o valor ficou em R$ 51,50/saco. Em Minas Gerais, para o mesmo mês, R$ 53,00/saco. Enfim, na Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins, para maio, os valores foram de US$ 22,80, R$ 51,10, R$ 53,00 e R$ 50,00/saco respectivamente. Nota-se que tais valores, no país, igualmente iniciaram um processo de baixa, acompanhando a tendência existente caso tivermos safra normal.

Para efeitos de comparação, o preço de balcão no Rio Grande do Sul, a partir da atual cotação de Chicago para maio e do câmbio, fica entre  R$ 49,00 e R$ 52,00/saco.

Enfim, na BM&F o contrato novembro fechou a semana em US$ 31,00, março em US$ 27,78 e maio em US$ 26,90/saco.


¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
³ Estudante do Curso de Economia da UNIJUI – Bolsista PET-Economia. 

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