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Análise semanal do mercado do milho

O maior fator de alta é a seca que se abate sobre o RS e, em especial, a Argentina


Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Emerson Juliano Lucca²

Comentários referentes ao período entre 16/12 a 21/12/201
 
As cotações do milho igualmente melhoraram durante a semana, após baterem em US$ 5,79/bushel no dia 15/12. O fechamento do dia 21/12 ficou em US$ 6,16/bushel.
 
Além de certo retorno dos especuladores financeiros ao mercado, o maior fator de alta é a seca que se abate sobre o Rio Grande do Sul e, em especial, a Argentina. No caso gaúcho, metade da safra já estaria comprometida (algo em torno de 3 milhões de toneladas) e, a cada dia sem chuvas a perda é de 3% adicionais. O desastre, portanto, tende a ser grande no Estado gaúcho, infelizmente. Na Argentina, ainda há possibilidade de recuperação caso ocorram as chuvas esperadas para o Natal, porém, já há algumas perdas.

Essa situação na Argentina ainda segura os preços em Chicago, já que o plantio local é mais tardio do que no Brasil. Mas um acompanhamento direto e constante se impõe a partir de agora sobre o comportamento climático nesta região da América do Sul. Na verdade, o que ainda acalma os operadores é a constatação de que no ano passado o vizinho país igualmente sofreu com seca nesta época do ano e, posteriormente, a safra foi acima do esperado. Mas a atual seca parece ser mais intensa e longa, abrangendo uma área geográfica bem maior, pois já atinge o Brasil e Uruguai.

Paralelamente, para o caso dos EUA, a grande oferta internacional de milho freia as vendas do cereal estadunidense, deprimindo Chicago. Nesta semana, inclusive, O Japão, tradicional importador de milho dos EUA, anunciou compras do cereal da Ucrânia. Todavia, as exportações estadunidenses na semana ficaram em 1,12 milhão de toneladas, portanto, acima do esperado pelo mercado.

Na Argentina e no Paraguai, os preços da tonelada FOB, para dezembro, ficaram, na semana, em US$ 248,00 e US$ 185,00 respectivamente.

Por sua vez, no Brasil, a média gaúcha de balcão se mantém ao redor de R$ 25,00/saco, devendo subir mais futuramente na medida em que as perdas climáticas se avolumam. Ou seja, começa a haver total reversão no quadro de baixa dos preços que se estimava para esse Estado, em razão da estiagem. O mesmo não acontece, por enquanto, para o restante do país. Assim, nos lotes, enquanto o norte gaúcho paga R$ 28,00/saco, com alta superior a 1,8% na semana, nas demais praças os mesmos oscilaram entre R$ 15,50/saco em Sorriso (MT) e R$ 27,25/saco em Videira, Concórdia e Campos Novos (SC).

O que não permite melhores condições para a safra nova é o deságio de US$ 20,00/tonelada no preço FOB para o milho brasileiro sobre o Golfo do México (EUA). (cf. Safras & Mercado)

Enfim, os embarques para exportação em dezembro podem atingir a um milhão de toneladas, repetindo o volume de novembro e segurando os preços em níveis mais elevados, até a safra de verão entrar (exceção feita ao Rio Grande do Sul, por enquanto, onde as quebras já estão cristalizadas e o mercado muda de postura, ficando totalmente na dependência da importação do cereal, seja de outros Estados da Nação, seja da Argentina e Paraguai).

Enfim, a semana terminou com a importação, no CIF indústrias brasileiras, valendo R$ 40,00 e R$ 35,43/saco, respectivamente para o produto oriundo dos EUA e da Argentina, em dezembro. Para janeiro, o produto argentino ficou também em R$ 35,43/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá registrou, para dezembro, R$ 24,96/saco; para janeiro, R$ 25,10; para fevereiro, R$ 26,33; para março, R$ 26,39;
 
para maio, R$ 26,08; para junho, R$ 25,62; para julho, R$ 25,07; e para setembro, R$ 25,07/saco.

Abaixo segue o gráfico da variação de preços do milho no período de 25/11/2011 e 21/12/2011.
 
 
1 Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2 Economista, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.

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