CI

Análise semanal do mercado do trigo

O mercado adiantou expectativas pessimistas que poderiam vir do relatório do USDA


Prof. Dr. Argemiro Luís Brum1
Emerson Juliano Lucca2

Comentários referentes ao período entre 02/12 a 08/12/2011
 
As cotações do trigo em Chicago recuaram durante a semana, fechando a quinta-feira (08-12) em US$ 5,76/bushel, após US$ 6,02 uma semana antes. O mercado adiantou expectativas pessimistas que poderiam vir do relatório do USDA a ser anunciado neste dia 09/12, além da oferta mundial de trigo estar maior neste ano.

Dito isso, as vendas líquidas estadunidenses de trigo, referentes ao ano comercial 2011/12, que tem início em 1º de junho, ficaram em 503.000 toneladas na semana encerrada em 24 de novembro, contra 614.500 toneladas na semana anterior. O principal destino do produto foi as Filipinas, que adquiriu 113.200 toneladas.

Já as inspeções de exportação de trigo dos EUA alcançaram 394.525 toneladas na semana encerrada no dia 1º de dezembro. No acumulado do ano comercial, iniciado em 1º de junho, as inspeções somam 14,52 milhões de toneladas, contra 15,66 milhões de toneladas no acumulado do ano anterior.

Por outro lado, o bloco dos países pertencentes à antiga URSS, principalmente a Rússia, representarão o maior volume de exportações neste ano comercial, com 35 milhões de toneladas, seguido pelos Estados Unidos (27 milhões) e Austrália (19 milhões).

No caso da Austrália, revisão da produção nacional aponta agora um volume final em 28,3 milhões de toneladas, com alta de 8%em relação a estimativa de setembro e 14% acima em relação à produção revisada do último ano, que foi de 27,9 milhões de toneladas.

Pelo lado do consumo, o Egito importou mais 240.000 toneladas de trigo da Rússia e da Argentina. As seguidas quedas nas cotações do nosso vizinho do Mercosul atraíram o maior comprador mundial de trigo. Do total 60.000 toneladas foram adquiridas a US$ 219,70/tonelada e outras 120.000 a US$ 221,69/toneladas da Argentina. Da Rússia foram adquiridas 60.000 toneladas a US$ 244,50/tonelada. O cereal tem embarque previsto entre 20 e 29 de fevereiro de 2012. (cf. Safras & Mercado)

Por sua vez, no Mercosul, houve pequena recuperação nos preços do trigo, após constantes quedas nas últimas semanas. Na Argentina, o trigo com embarque em dezembro no Up River esteve a US$ 208,00/tonelada na compra, com baixa de 12,8% em comparação ao mesmo período do mês anterior. No porto de Necochea, o cereal para embarque em dezembro deste ano está sendo cotado a US$ 203,00/tonelada na compra, o que representa uma baixa de 13,6% em relação ao mês passado. Em Bahia

Blanca o cereal apresenta indicação de US$ 218,00/tonelada na compra e a US$ 221,00/tonelada na venda. No Uruguai, o trigo da nova safra, com embarque previsto para dezembro de 2011 e janeiro de 2012, está cotado a US$ 203,00/tonelada na compra e US$ 210,00/tonelada na venda. Já o Paraguai indica atualmente US$ 197,00/tonelada na compra e US$ 205,00/tonelada na venda. (cf. Safras & Mercado)
 
Na Argentina, a colheita da nova safra de trigo chegava, no dia 08/12, a 42% do total, contra 36% em igual período do ano anterior. As últimas estimativas dão conta de uma safra ao redor de 13 milhões de toneladas, podendo ainda aumentar um pouco.
No Brasil, o mercado continua paralisado, ao sabor dos leilões de PEP e PEPRO do governo federal. A média gaúcha no balcão ficou em R$ 24,00/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 415,00 e R$ 425,00/tonelada. No Paraná, os lotes ficaram entre R$ 455,00 e R$ 463,00/tonelada.

A situação ficou mais complicada na medida em que o governo anulou os leilões previstos para o dia 07/12. No leilão anterior, foram negociadas 215.000 toneladas.

Enfim, graças a seca nas últimas três semanas no Rio Grande do Sul, a colheita do trigo foi finalizada, com produtividade média excelente (entre 2.900 a 3.100 quilos/hectare em muitos locais) e qualidade ótima, onde o PH superou a 79.

Além disso, o governo gaúcho anunciou, na semana, a isenção do ICMS do trigo usado na alimentação animal. Isso permite substituir parte do milho na ração, o qual responde por 70% junto a suínos e aves, e que está com seu preço muito elevado, além de sofrer uma alíquota de 17%. Essa medida tende a forçar novas baixas localizadas no preço do milho e favorecer um pouco o escoamento do trigo. Esse cereal já tinha isenção de ICMS junto às moageiras que abastecem a panificação.

Dito isso, a tendência continua sendo de preços muito ruins para o trigo, com o mercado dependendo exclusivamente dos leilões do governo.

Abaixo segue o gráfico da variação de preços do trigo no período entre 11/11/2011 e 08/12/2011.
 
 
1 Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2 Economista, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.