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Análise semanal do mercado do trigo

O relatório do USDA, anunciado no dia 09/12, pode ser considerado baixista para o cereal


Prof. Dr. Argemiro Luís Brum1
Emerson Juliano Lucca2

Comentários referentes ao período entre 09/12 a 15/12/2011
 
As cotações do trigo, em Chicago, oscilaram bastante durante esta semana. O fechamento desta quinta-feira (15) ficou em US$ 5,79/bushel, após US$ 5,76 na semana anterior e US$ 5,91/bushel no dia 13/12. O relatório do USDA, anunciado no dia 09/12, pode ser considerado baixista para o cereal.

Efetivamente, o relatório confirmou uma produção final, nos EUA, de 54,4 milhões de toneladas, porém, aumentou para 23,9 milhões de toneladas os estoques finais do cereal naquele país. Com isso, o patamar de preços médios para 2011/12 foi reduzido, ficando entre US$ 7,05 e US$ 7,55/bushel, após uma média de vendas, por parte dos produtores estadunidenses, de US$ 5,70/bushel em 2010/11 e US$ 4,87/bushel em 2009/10. Nota-se que o patamar de preços médios está muito acima do que realmente vem sendo praticado no mercado, nesse momento.

Em termos mundiais, o relatório elevou a projeção global de produção para 689 milhões de toneladas, com um acréscimo de quase 6 milhões de toneladas em relação a novembro. Com isso, os estoques finais de trigo no mundo saltam para 208,5 milhões na projeção para 2011/12. São os mais altos estoques nos últimos três anos. A produção brasileira fica em 5 milhões de toneladas, enquanto a argentina sobe para 14,5 milhões. Algo que não ajuda a melhorar o preço do cereal no mercado interno brasileiro.

Nos EUA, as inspeções de exportação estadunidenses de trigo alcançaram um total de 449.145 toneladas, na semana encerrada em 08/12, contra 396.948 toneladas (número revisado) na semana anterior. No acumulado do ano comercial, iniciado em 1º de junho, as inspeções somam 14,97 milhões de toneladas, contra 16,19 milhões em igual período do ano anterior.

Por sua vez, as vendas líquidas estadunidenses, na semana encerrada em 01/12, ficaram em 427.200 toneladas, contra 503.000 toneladas da semana anterior. O principal comprador foi a Nigéria, com 98.000 toneladas.
Paralelamente, o Egito anunciou a compra de 180.000 toneladas de trigo da Rússia, França e Argentina. Deste último país foram adquiridas 60.000 toneladas a US$ 243,98/tonelada. Da França virão outras 60.000 toneladas ao preço de US$ 240,50/tonelada. O embarque está previsto entre 1º e 10 de março próximo.

Na Argentina, os preços nos principais portos registraram nova queda nesta semana. No Up River, a indicação de compra ficou em US$ 206,00/tonelada na compra e US$ 209,00/tonelada na venda, para o trigo com embarque em dezembro de 2011 e janeiro de 2012. No porto de Bahia Blanca, a cotação de compra recuou para US$ 216,00/tonelada na compra e US$ 219,00 na venda. Já em Necochea a indicação de compra e venda ficou em US$ 201,00/tonelada e US$ 202,00/tonelada, respectivamente.

Ainda na Argentina, segundo a Bolsa de Buenos Aires, a colheita da nova safra chegava a 40% da área semeada, em 07/12.

No Brasil, por outro lado, a paralisação do mercado é total e os preços continuam recuando. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 24,00/saco, porém, praticamente sem compradores. Nos lotes, a tonelada variou entre R$ 415,00 e R$ 423,00, enquanto no Paraná a mesma se estabeleceu em R$ 455,00.

O cancelamento dos leilões de PEP e PEPRO na semana anterior, por suspeita de fraude, terminou de estagnar o mercado. Além disso, o produto da Argentina está entrando no país, mesmo com a desvalorização do Real, muito competitivo. Ou seja, em o governo não realizando novos leilões o mercado continuará nesse marasmo, sem comprador, com preços nominais extremamente baixos e desestimulando totalmente o produtor. Para se ter uma ideia da força exportadora da Argentina, desde agosto passado (início de nosso ano comercial 2011/12) o Brasil já importou 1,83 milhão de toneladas de grãos de trigo, sendo 95,5% dos países do Mercosul, particularmente a Argentina. Além disso, foram importadas ainda 300.000 toneladas de farinha e pré-mistura.

Enfim, o Ministério da Agricultura brasileiro anunciou que irá colocar em vigor, a partir de 1º de julho de 2012, uma exigência de qualidade para o cereal poder entrar nos leilões. A medida para referência qualitativa será a força do glúten, que deverá ser de, no mínimo, 220. Dessa forma, os triticultores nacionais terão que se adaptar às novas exigências já no próximo plantio para poder continuar participando dos leilões da Conab. (cf. Safras & Mercado)

Abaixo segue o gráfico da variação de preços do trigo no período entre 11/11/2011 e 08/12/2011.
 
 
 
Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2 Economista, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.

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